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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Estes Discos Dourados contam a história da Terra. Por onde andam hoje?

 Em 1977, a NASA lançou dois discos em cobre banhado a ouro com 30 centímetros de diâmetro, contendo gravações de risos de crianças, batimentos cardíacos e chamamentos de aves. Estará o seu tempo no espaço a chegar ao fim?

Ilustração fotográfica de Jesse Barber, National GeographicFontes da imagem: Nat Geo Image Collection, NASA/JPL-O Disco Dourado transportado pela Voyager 1 e 2. Fotografias de Júpiter captadas pela Voyager 1 a 24 de Março de 1979 e de Úrano pela Voyager 2 a 24 de Janeiro de 1986.

Em 1977, a NASA lançou as naves Voyager 1 e 2 de Cape Canaveral, no estado da Flórida, para o espaço, a fim de embarcarem numa grandiosa viagem até aos confins do nosso sistema solar. A bordo de cada sonda, havia um disco em cobre banhado a ouro com 30 centímetros de diâmetro – uma “mensagem dentro de uma garrafa” cósmica, contendo gravações de vistas, sons e retratos da vida na Terra, conhecidos colectivamente como os Discos Dourados – tendo em vista a ínfima probabilidade de alguma civilização extraterrestre distante os descobrir. No novo filme animado Elio, que estreou recentemente, é exactamente isso que acontece quando a personagem principal, Elio, encontra extraterrestres que pensam que ele é o líder da Terra.

“Foram feitos para serem uma espécie de carta de apresentação a qualquer cultura que pudesse encontrar a sonda”, diz Bethany Ehlmann, cientista planetária do Instituto de Tecnologia da Califórnia e Exploradora Emergente da National Geographic em 2013, sobre os Discos Dourados originais. Embora estas saudações banhadas a ouro se destinassem parcialmente a um público extraterrestre, eram sobretudo uma mensagem para os seres humanos do nosso pequeno berlinde azul. “É uma carta de amor para a Terra e tudo aquilo que atravessámos até chegarmos ao ponto em que somos capazes de enviar estas sondas para conhecer o nosso Sistema Solar.”

Mas onde andam os Discos Dourados – e quanto mais tempo irão durar no espaço? Falámos com os especialistas, incluindo Ehlmann, para descobrir.

A gravação compilada pela humanidade

Quando foi encarregado de decidir os conteúdos da gravação intergaláctica que iria viajar a bordo das sondas Voyager, o famoso astrónomo Carl Sagan reuniu uma equipa de cientistas, artistas e engenheiros. A fim de apresentar um bom retrato da vida na Terra a bordo do emissário físico mais distante da humanidade, a equipa incluiu uma variedade de sons associados com a vida quotidiana e a natureza, como chamamentos de aves, canções de baleias-jubarte, riso de crianças, passos, batimentos cardíacos, exames de ondas cerebrais e um beijo. O disco também continha 90 minutos de música, incluindo composições clássicas ocidentais de Mozart, Bach, Beethoven e Stravinsky, música de percussão senegalesa, canções aborígenes australianas e “Johnny B. Goode” de Chuck Berry.

O disco, cuidadosamente concebido para a resistir a uma viagem especial durante milhares de milhões de anos, também inclui saudações em 55 línguas vivas e mortas, bem como 115 fotografias analógicas codificadas da Terra e dos seus habitantes.

Na capa destes discos, figura um mapa que ajuda a encontrar o caminho para a Terra a partir de núcleos densos e pulsantes de estrelas chamados pulsares, que existem nas nossas proximidades. Os discos também contêm diagramas de um átomo de hidrogénio – o elemento mais comum do universo – e instruções para a sua reprodução. Cada disco está protegido por uma capa de alumínio banhado a ouro e acompanhado por um cartucho e uma agulha, para reproduzir os seus conteúdos.

“A nave espacial só será encontrada e o disco só será reproduzido se existirem civilizações itinerantes no espaço sideral”, escreveu Sagan, líder do projecto Voyager Golden Record. “Mas o lançamento desta ‘garrafa’ para o ‘oceano’ cósmico diz algo muito esperançoso sobre a vida neste planeta.”

Uma viagem cósmica até locais distantes

Ao longo dos anos, as sondas Voyager voaram junto aos quatro planetas mais distantes do Sistema Solar a uma velocidade de 56.327 km/h, enviando-nos vistas pormenorizadas de Júpiter, Saturno, Úrano e das suas luas. A passagem da Voyager 2 por Úrano e Neptuno foi a única ocasião em que humanidade viu esses mundos de perto.

Depois de concluírem as suas missões principais de sobrevoar os quatro planetas exteriores em 1989, as sondas gémeas continuaram a avançar, rumo aos confins do Sistema Solar. As Voyager 1 e 2 saíram do Sistema Solar e entraram no espaço sideral em 2012 e 2018, respectivamente.

Actualmente a mais de 24.000 milhões de quilómetros da Terra, a Voyager 1 tornou-se o objecto de fabrico humano que se encontra mais distante de nós, no espaço. A Voyager 2 ocupa o segundo lugar, encontrando-se agora a cerca de 21.000 milhões de quilómetros de distância. O ambiente interestelar onde estão é uma sopa de gás, poeiras e raios cósmicos. As sondas Voyager estão equipadas com peças resistentes à radiação, mas o ataque de partículas carregadas na zona onde se encontram actualmente continua a representar uma ameaça para os seus componentes electrónicos envelhecidos.

Ambas as Voyager ainda estão a recolher e enviar dados de volta, actualizando os seres humanos sobre as suas aventuras intergalácticas, embora devagar: estes sinais demoram quase 20 horas a chegar à Terra devido à enorme distância que têm de percorrer.

As missões Voyager estão quase a terminar pois as baterias de plutónio das sondas gémeas estão prestes a ficarem sem energia. A equipa da Voyager está a tentar prolongar o seu tempo de vida ao máximo, desligando instrumentos não-fundamentais, como aquecedores, para poupar energia. “Mais de 47 anos de missão depois, resta pouquíssima energia”, diz Suzanne “Suzy” Dodd, actual gestora de projecto das missões Voyager. “O objectivo da missão é chegar aos 50 anos.”

Mesmo depois de a missão terminar, os Discos Dourados continuarão, calmamente, a afastar-se cada vez mais no abismo cósmico, provavelmente durante milhões ou até milhares de milhões de anos. “Muito depois de perdermos a comunicação com a nave espacial, ela continuará a viajar com o Disco a bordo – uma cápsula do tempo”, diz Dodd. Ela comenta que é excitante “pensar num bocadinho de nós, num bocadinho daquilo que a Terra e a humanidade são, viajando pelo centro da nossa galáxia para ser encontrado por qualquer ser que possa existir lá fora”.

No entanto, Dodd realça as enormes distâncias físicas e cronológicas envolvidas no processo. As sondas vão demorar cerca de 40.000 anos a entrarem nos arredores de outro Sistema Solar, quando a Voyager 1 passar a 1,6 anos-luz da estrela Gliese 445. Por volta da mesma altura, a Voyager 2 estará a 1,7 anos-luz da estrela Ross 248.

O legado dos Discos Dourados

Os Discos Dourados deixaram um enorme impacto cósmico. Segundo Ehlmann, a maioria das naves espaciais lançadas depois da missão Voyager inclui algum tipo de mensagem do nosso lar terrestre. “As pessoas pensam na ciência como uma actividade fria e calculista, mas, na verdade, é a expressão da curiosidade e do espanto”, diz ela. “É uma maneira de deixarmos a nossa marca no universo.”

E quase 50 anos após o seu lançamento, o nosso par de emissários robóticos enviados para as estrelas continua a fazer a viagem mais longa alguma vez empreendida no espaço.

“Quem sabe? Talvez daqui a milhão de anos, as sondas Voyager vão parar a algum museu extraterrestre”, diz Ehlmann. “É excitante imaginar isso.”

Paola Rosa-Aquino

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