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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 30 de agosto de 2025

Lenda de Outeiro (mais fantasiada)


 Diz-se, nas terras frias de Bragança, que junto à ribeira de Quintanilha corre um sopro de segredos antigos. Ali ergue-se a capela de Nossa Senhora da Ribeira, templo venerado, onde o tempo parece deter-se no murmúrio das pedras e no brilho tremeluzente das velas.
Mas antes de ser capela, o lugar era apenas um ermo, onde a água corria clara e os pastores guardavam os seus rebanhos. Era ali que uma pastorinha, muda desde o nascimento, costumava sentar-se à beira do rio, olhando o reflexo das nuvens. Ninguém a ouvira nunca pronunciar palavra alguma. Até ao dia em que, entre o sussurrar da corrente e o ressoar distante dos sinos, uma luz desceu sobre a água.
No meio desse clarão, a menina viu aparecer a figura serena da Virgem, tão luminosa que a própria ribeira pareceu deter o seu curso. E, como se a visão lhe abrisse a alma, a pastorinha ergueu a voz, clara e firme, para anunciar ao povo o milagre que presenciava.
A notícia correu como vento pela serra. Gente de toda a parte acorreu ao lugar, trazendo promessas, velas e esmolas. No ermo da aparição, levantou-se uma ermida singela, e não tardaram a multiplicar-se os milagres atribuídos à Senhora.
Passaram-se anos, e quando a rainha Santa Isabel entrou em Portugal, trazida pelas estradas de Castela, encontrou o povo em romaria, reunido junto àquela ermida da Ribeira. Admirada pelo fervor, quis ver com os próprios olhos o que ali movia tanta devoção. Ao entrar, a rainha ajoelhou-se diante da imagem. Conta a tradição que, nesse instante, a chama de uma candeia inclinou-se sozinha, como se saudasse a santa soberana.
Santa Isabel, tocada pela formosura da Virgem, prometeu erigir um templo maior. O rei D. Dinis, ao saber, não só consentiu como mandou levantar, no monte próximo, uma fortaleza para proteger o lugar. Assim nasceram, lado a lado, a capela e o castelo, e com eles a povoação que hoje se chama Outeiro.
Ainda hoje, dizem os antigos, nas noites em que a lua cheia banha a ribeira, ouvem-se na corrente os cânticos dos primeiros romeiros, misturados com a voz clara da pastorinha que nunca mais emudeceu. E quem entra no templo, se souber escutar o silêncio, sente no coração um estremecimento, como se a Virgem ainda ali se revelasse, guardando em segredo o destino das almas que a procuram.

HM

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