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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Nunca aprendemos com os erros!


 Em cada Verão, nos últimos anos, Portugal confronta-se com a mesma tragédia: localidades cercadas pelas chamas, famílias em aflição de perder casas, terrenos, animais, modo de vida, a vida!
É atroz. Não há palavras. No fim, a sensação amarga de que nunca aprendemos com os erros.
Continuamos a perguntar como é possível, outra vez? A resposta é simples: porque não aprendemos com os erros. Falta prevenção, falta investimento, falta coragem.
Também o nosso território de Trás-os-Montes, que continua a ser um espaço esquecido, despovoado, envelhecido e sem o necessário investimento, tem sido sujeito a tamanha provação, por ser cada vez mais vulnerável.
Enquanto o Interior continuar esquecido e as populações se sentirem abandonadas, a tragédia repetirá o seu ciclo.
As terras abandonadas, os matos por limpar, a falta de aceiros e de planeamento territorial transformam o fogo numa inevitabilidade. É necessário refletir sobre o cuidado prévio!
Diz-se que “os incêndios se combatem no inverno”, mas a verdade é que é preciso fazer-se muito mais também na Primavera. Muitos proprietários não têm condições para cumprir a limpeza anual e as Juntas de Freguesia carecem de meios. Multiplicam-se relatórios e promessas, mas quando chegam o calor e o vento, a catástrofe repete-se.
É incompreensível que haja verbas para algumas obras desnecessárias e tão poucas para uma política robusta de ordenamento florestal e de apoio às populações locais. O resultado é que, ano após ano, pagamos todos os custos de uma tragédia evitável.
Depois das chamas, fica o vazio: casas destruídas, currais arrasados, terras sem vida. Para quem resiste no Interior, este é um golpe duríssimo. O apoio não pode ser moroso nem burocrático; tem de ser rápido, humano e transparente. É necessário apoiar bem e a tempo as famílias e empresas afetadas.
O Estado deve garantir alojamento e bens de primeira necessidade, apoiar atividades agrícolas e pecuárias e simplificar processos. As autarquias, pela proximidade, são peças-chave, mas precisam de meios. Também a sociedade civil tem um papel a desempenhar, mobilizando redes de solidariedade que devolvam dignidade e esperança.
Necessariamente, mais do que reconstruir paredes, é preciso reconstruir vidas, memórias e comunidades.
Por outro lado, o problema não termina quando o fogo se apaga. Indaga-se sobre o que já está a ser planificado para prevenir outras tragédias e... nada!? Não é necessário preparar o futuro?
Não se pode esquecer que as encostas queimadas ficam frágeis perante as chuvas torrenciais do inverno, que originam a erosão e os aluimentos constituindo-se como a parte seguinte da tragédia.
Urge, por isso, apostar na reflorestação com espécies autóctones, resistentes ao fogo, e não na monocultura que alimenta a voracidade das chamas. É fundamental investir em linhas de drenagem, engenharia natural e programas de sensibilização que envolvam as populações.
A regeneração da floresta exige tempo, mas também visão e persistência. Dar “tempo ao tempo” é necessário, mas só dará frutos se houver planeamento e vontade política.
Aprender com os erros é, afinal, dar prioridade à vida, às pessoas e ao território. Se não o fizermos agora, corremos o risco de não ter futuro para reconstruir.

Jorge Novo

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