O ano de 1975 ficou marcado por uma profunda agitação política e social, num contexto conhecido como o PREC - Processo Revolucionário em Curso. Este período, que se seguiu à Revolução de 25 de Abril de 1974, foi um tempo de efervescência ideológica, transformação social e intensa participação popular.
As mudanças não se limitaram à política. Também a cultura viveu um momento de grande dinamismo e experimentação. Multiplicaram-se as ocupações de espaços culturais, como teatros, cinemas e associações, transformados em locais de debate, criação e expressão livre. Jovens artistas e estudantes organizaram-se em coletivos culturais e juvenis, animados por um forte espírito de intervenção e vontade de construir uma nova sociedade.
Neste ambiente fervilhante, surgiram grupos de teatro e companhias amadoras que procuravam aproximar a arte do povo, abordando temas do quotidiano, da luta pela liberdade e das desigualdades sociais. Na música, emergiram projetos de música folk e de intervenção, que combinavam as raízes tradicionais com mensagens políticas e sociais, denunciando injustiças e celebrando a liberdade recém-conquistada.
Foi também neste contexto que se realizaram as primeiras tentativas de organizar festivais de música moderna, experiências pioneiras que abririam caminho para o futuro panorama musical português.
O cinema nacional acompanhou este impulso criativo e comprometido. Realizadores portugueses exploraram novas linguagens e abordaram temas políticos e sociais, refletindo as tensões e esperanças de um país em transição.
1975 foi um ano de transformação e descoberta, em que a arte e a cultura se tornaram instrumentos de expressão e de luta, espelhando a energia revolucionária de um povo que procurava reinventar o seu destino.
Nós, com o Grupo de Teatro “A Máscara”, percorríamos o Nordeste, à boleia e de mochila às costas, sem um tostão nos bolsos mas com esperança e vontade de viver e fazer coisas. Levávamos às costas cenários, a voz e panos de tenda. Sem apoios institucionais mas com uma convicção que ainda hoje prevalece sobre muitas outras coisas menores em que muitos acreditam MAS EU NÃO!
Um abraço para todos vós. Ernesto, Escatcha (o meu metade), Agostinho (batata) Tó Corredeira, Onofre (O Poeta), Milhão, Calado, e para o Baletcha que não chegou a passar estes bocadinhos porque antes de começarmos a colocar o polegar por cima do alcatrão apontado para o caminho a seguir, foi chamado para frequentar o ensino superior. Ao tempo dar boleia a quem a pedia era o mais comum. Ainda não estava instalado o clima de medo, egoísmo e insegurança que, agora, caracteriza a nossa maneira de ver o mundo… e todas as pessoas. Sempre a desconfiar…!

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