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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 30 de dezembro de 2025

A Moura Encantada - Parte 5 – A Noite do Destino


 A lenda da Moura Encantada cresceu com o passar dos anos, e a fraga de Castramouro tornou-se um lugar de respeito e mistério. Mas há sempre aqueles que são consumidos pela curiosidade ou pela ganância, incapazes de resistir ao desejo do ouro e do poder oculto.

Foi numa noite sem lua, quando o céu estava negro e o vento soprava de forma cortante, que um jovem forasteiro chamado Miguel chegou à aldeia. Tinha ouvido falar da princesa e do tear de ouro, e não acreditava em contos e advertências. Para ele, a história era um enigma a ser desvendado, e os novelos, uma oportunidade de fortuna.

Enquanto a aldeia dormia, Miguel aproximou-se da fraga. O ar estava gelado, e a água refletia apenas a escuridão, tornando o ambiente mais assustador. Porém, o som do tear surgiu, claro e melodioso, cortando a noite como se chamasse por ele. Quanto mais se aproximava, mais sentia uma presença intensa, quase palpável, que parecia medir os seus pensamentos e intenções.

Quando viu a princesa Moura, radiante e silenciosa, Miguel sentiu um calafrio, mas a ambição era maior que o medo. Avançou, tentando agarrar os novelos de ouro, que brilhavam com uma luz própria.

- Não! A voz da Moura ecoou com força sobrenatural. Quem ousa tocar no que não lhe pertence, enfrenta o destino que nunca deveria desafiar!

Mal Miguel tocou num fio, a fraga pareceu despertar. A água borbulhou como se estivesse viva, o vento uivou entre as rochas, e uma luz dourada envolveu o jovem, prendendo-o como se os fios do tear se tivessem tornado correntes. Ele viu imagens de destruição e perda, o castelo em chamas, o desespero da fuga, os corações partidos de quem amou e protegeu a princesa. Cada memória atingia Miguel com intensidade, e ele percebeu que o ouro que buscava não era tesouro, mas legado, vida e dor entrelaçados.

- Entendes agora? Disse a Moura, flutuando acima das águas, a sua figura envolta em luz dourada e prata. - Quem toca nestes fios deve carregar a história inteira, sentir o peso de cada lágrima e a coragem de cada ato. O tear não dá riqueza, ele dá compreensão, e muitos não suportam o que ele mostra.

Miguel caiu de joelhos, tremendo, arrependido. As correntes douradas dissolveram-se, mas o coração dele estava mudado. Olhou para a princesa, que agora sorria, uma expressão de tristeza e compaixão.

- O segredo do tear não é ouro nem poder, disse a Moura, é memória, é história, é tudo o que Outeiro guarda em si. Quem não respeitar isso, será lembrado, mas nunca compreenderá.

Quando a névoa subiu, Miguel desapareceu entre as sombras da fraga, com os olhos cheios de lágrimas, mas com o coração finalmente ciente da magnitude do que tivera diante de si. A princesa voltou a tecer, e o som do tear retomou seu ritmo suave, como se a noite tivesse voltado a dormir.

Desde então, a lenda da Moura Encantada tornou-se mais forte. A fraga permaneceu silenciosa para todos, exceto para aqueles que podiam ouvir o verdadeiro canto do tear. E a princesa continuou a tecer, noite após noite, protegendo o seu legado de coragem, dor e beleza, lembrando ao mundo que certos segredos existem para serem respeitados, e que o ouro mais valioso nem sempre brilha à luz do sol, às vezes, brilha no ritmo de fios dourados, entre a água, a pedra e a eternidade.

continua...

N.B.: Este conto teve como base a Lenda de Outeiro "A Moura  Encantada" e a colaboração, na construção do "esqueleto", da IA. A narrativa e os personagens fazem parte do mundo da ficção. Qualquer semelhança com acontecimentos ou pessoas reais, não passa de mera coincidência.

HM - com IA e IN

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