Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Esta é uma recomendação antiquíssima do Livro dos Provérbios, mas a sua actualidade é permanente, sobretudo numa sociedade onde o exercício do poder ultrapassou as fronteiras da sabedoria, da experiência, ou se quisermos, do bom senso.
Bem se cansa o Governo em promover Jornadas de Modernização Administrativa, em simplificar as relações do cidadão com o Estado, em aplainar as burocracias, no sentido de criar uma sociedade rumo à cidadania onde o homem vale por si enquanto é herdeiro histórico da sua condição humana.
Contudo, as sociedades contemporâneas evoluem duma forma vertiginosa e a mobilidade social é permanente, diluindo as classes sociais, os privilégios de castas e os estatutos que passavam de gerações em gerações.
Tudo isto nos leva a pensar que estamos numa nova época, produto, entre outros factores, do conhecimento científico e da democratização da escola que produz oportunidades de aprendizagem para todos. E isto é verdade, com a excepção de um ou outro déspota, pequenos tiranos que povoam a Administração pública que saudosos de tempos que não viveram continuam a oprimir os pobres no estilo deprimente do Estado Novo. E estes são aqueles que fruto da sua inexperiência, por falta da humildade socrática, são incapazes de reconhecer que nada sabem e no maior desplante usam e abusam do poder, obrigando-nos a concordar com outro sábio provérbio: “Não sirvas a quem serviu, nem peças a quem pediu”.
Esta nova minoria de prepotentes são como um polvo de cumplicidades que minam o aparelho de Estado que introduzem o terror nas instituições e trazem em si o estigma da descrença na democracia.
E se nós, que tivemos a sorte de ler alguns livros, de conhecermos minimamente a natureza humana, ficamos aterrorizados perante este rosto obscuro de alguns agentes do Estado, o que se passará com os nossos conterrâneos que cavam este Nordeste à força do enxadão e desconhecem a vilania encadernada em fatos e gravatas que resplandecem em salões públicos que todos nós pagamos?!
Sem dúvida que vivemos numa sociedade onde a ausência de afectos dá lugar a depressões, a tristezas infindas. Os filhos são deixados apressadamente na escola, os horários do trabalho são fardos enormes, agudizados pelo desencanto da monotonia das tarefas. Nestas circunstâncias, o utente, para determinados agentes minoritários dum Estado que se moderniza, são o inimigo público, capaz de tirar a paciência até a um Santo.
E o nosso Povo, meigamente, deixa a sua casa e na grandeza de ser gente boa e de boa fé demanda à cidade para utilizar os Serviços públicos que ele paga com os seus impostos. O nosso Povo nem sempre entende o que lhe dizem à primeira vez, mas também quem entende, se o funcionário explica mal, à pressa, com modos bruscos, com a tirania de quem detém o Poder, embora este seja efémero e tomado de empréstimo.
Às vezes o nosso Povo ofendido e humilhado, sabe como resolver esta sua ignorância inata e então traz de casa fumeiro que se destinava às longas noites de invernia, cabrito de três meses, galinhas gordas e poedeiras e logo, por milagre, o difícil se torna fácil, o antipático funcionário se desfaz em mil mesuras e simpatias de mulher de má vida.
E assim vai a República, porque, enquanto o Governo nos fala de cidadania na qual acreditamos e o Governo também acredita e tenta que as relações dos cidadãos sejam amenas e confortáveis, estes inimigos do povo fazem a contra revolução, impedem as mudanças, envergonham a natureza humana e não entendem, como nos diz António Gedeão que um dia, estes meninos de coro cheios de malícia e desumanidades hão-de cair, cair, cair, dos seus cadeirões de perfídia na razão directa do quadrado dos tempos.
Bem se cansa o Governo em promover Jornadas de Modernização Administrativa, em simplificar as relações do cidadão com o Estado, em aplainar as burocracias, no sentido de criar uma sociedade rumo à cidadania onde o homem vale por si enquanto é herdeiro histórico da sua condição humana.
Contudo, as sociedades contemporâneas evoluem duma forma vertiginosa e a mobilidade social é permanente, diluindo as classes sociais, os privilégios de castas e os estatutos que passavam de gerações em gerações.
Tudo isto nos leva a pensar que estamos numa nova época, produto, entre outros factores, do conhecimento científico e da democratização da escola que produz oportunidades de aprendizagem para todos. E isto é verdade, com a excepção de um ou outro déspota, pequenos tiranos que povoam a Administração pública que saudosos de tempos que não viveram continuam a oprimir os pobres no estilo deprimente do Estado Novo. E estes são aqueles que fruto da sua inexperiência, por falta da humildade socrática, são incapazes de reconhecer que nada sabem e no maior desplante usam e abusam do poder, obrigando-nos a concordar com outro sábio provérbio: “Não sirvas a quem serviu, nem peças a quem pediu”.
Esta nova minoria de prepotentes são como um polvo de cumplicidades que minam o aparelho de Estado que introduzem o terror nas instituições e trazem em si o estigma da descrença na democracia.
E se nós, que tivemos a sorte de ler alguns livros, de conhecermos minimamente a natureza humana, ficamos aterrorizados perante este rosto obscuro de alguns agentes do Estado, o que se passará com os nossos conterrâneos que cavam este Nordeste à força do enxadão e desconhecem a vilania encadernada em fatos e gravatas que resplandecem em salões públicos que todos nós pagamos?!
Sem dúvida que vivemos numa sociedade onde a ausência de afectos dá lugar a depressões, a tristezas infindas. Os filhos são deixados apressadamente na escola, os horários do trabalho são fardos enormes, agudizados pelo desencanto da monotonia das tarefas. Nestas circunstâncias, o utente, para determinados agentes minoritários dum Estado que se moderniza, são o inimigo público, capaz de tirar a paciência até a um Santo.
E o nosso Povo, meigamente, deixa a sua casa e na grandeza de ser gente boa e de boa fé demanda à cidade para utilizar os Serviços públicos que ele paga com os seus impostos. O nosso Povo nem sempre entende o que lhe dizem à primeira vez, mas também quem entende, se o funcionário explica mal, à pressa, com modos bruscos, com a tirania de quem detém o Poder, embora este seja efémero e tomado de empréstimo.
Às vezes o nosso Povo ofendido e humilhado, sabe como resolver esta sua ignorância inata e então traz de casa fumeiro que se destinava às longas noites de invernia, cabrito de três meses, galinhas gordas e poedeiras e logo, por milagre, o difícil se torna fácil, o antipático funcionário se desfaz em mil mesuras e simpatias de mulher de má vida.
E assim vai a República, porque, enquanto o Governo nos fala de cidadania na qual acreditamos e o Governo também acredita e tenta que as relações dos cidadãos sejam amenas e confortáveis, estes inimigos do povo fazem a contra revolução, impedem as mudanças, envergonham a natureza humana e não entendem, como nos diz António Gedeão que um dia, estes meninos de coro cheios de malícia e desumanidades hão-de cair, cair, cair, dos seus cadeirões de perfídia na razão directa do quadrado dos tempos.
Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança.
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
Fernando.
ResponderEliminarPese embora a minha ignorância sobre a matéria, na minha opinião, apenas a tua grande modéstia te impede de seres um dos maiores escritores portugueses da actualidade.
Um abraço.
Henrique
Não posso partilhar este excelente artigo do nosso conterrâneo Fernando Calado, porque o tema é considerado abusivo. Valha-me um burro aos coices...
ResponderEliminar