Uma vila que, de repente, se torna o ponto de encontro de tradições e de rituais do solstício de inverno.
Foi o que aconteceu em Mogadouro, este sábado, no II Encontro de Máscaras, organizado pelo município e pela associação Aceitta.
Ao todo foram 9 os grupos de mascarados presentes, 5 do concelho e 4 vindos de outras regiões, aos quais se juntaram gaiteiros e pauliteiros. Tradições de inverno pagãs, que a Igreja foi tomando para si.
De mais longe, chegam os Caretos de Mira, originários da aldeia de Lagoa, já no concelho de Coimbra. Máscaras grandes, adornadas com cornos de boi, e saias vermelhas – assim trajam estes caretos vindo da beira-mar.
Estes caretos percorrem o concelho de Mira depois do Domingo Gordo, cercam as raparigas e emitem barulhos que as pretendem intimidar. Mário Almeida, de 71 anos, conta mais sobre esta festa.
Em Mira, as raparigas não participam.
O mesmo acontece na aldeia de Tó, concelho de Mogadouro, de onde chega o enigmático Farandulo, figura que se apresenta de negro, e que tinge da mesma cor a cara das solteiras. Mais personagens fazem parte da tradição: o moço, que representa o verão; a sécia, que representa a primavera; o mordomo, que representa o outono, e a quem cabe organizar a festa; e o Farandulo, o inverno, e a chegada do rapaz à ideia adulta, antes de ir para “as sortes”.
Ricardo Martins, 18 anos, este ano é o mordomo. Para o ano há-de ser o Farandulo, e abandonar a festa.
Mas não acaba por aqui.
Ainda conhecemos um velho, vindo São Pedro da Silva, Miranda do Douro.
A abrir o desfile, que percorreu as ruas da vila, e a chamar a atenção de quem assistia, estiveram os Caretos de Podence, talvez os mais conhecidos e que têm vindo a abrir caminho para outras tradições
António Carneiro, presidente da Associação do Grupo de Caretos de Podence, não esconde a satisfação pelo percurso desenvolvido até aqui.
É importante, pois, valorizar as máscaras existentes por todo o país, defende o presidente da câmara de Mogadouro, Francisco Guimarães.
Para o ano, este encontro pode ser internacionalizado, com presença de máscaras da vizinha Espanha.
Estiveram ainda presentes o Velho Chocalheiro de Vale de Porco, o Chocalheiro de Bemposta, os Velhos de Bruçó, os Caretos de Salsas e os recém-recuperados Caretos de Valverde.
Escrito por ONDA LIVRE
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