A duas semanas da Páscoa já cheira a folar no Nordeste Transmontano. Esta iguaria típica desta época festiva tem vindo a ganhar peso na economia da região com as tradicionais feiras que levam as populações a transformar centenas de quilos de farinha em folar.
Este fim-de-semana foi a vez de Vilarinho de Agrochão, no concelho de Macedo de Cavaleiros. Antes do certame Isabel Sá, uma das participantes, meteu as mãos na massa para confeccionar este produto. “Já estou casada há 31 anos e já os fazia desde solteira, para aí há 35 anos que faço folar. Aprendi com a minha mãe. Todos os anos desde que faço a Feira do Folar faço 50 para a feira e depois ainda faço mais 30 ou 40 para a Páscoa. Já parti os ovos, já aqueci o azeite, preparo o fermento ligeiro e o sal, já tenho a água quente, e depois começa-se a amassar”, conta esta habitante de Vilarinho de Agrochão. Depois de a massa estar pronta fica a levedar durante cerca de uma hora e meia. Depois é partida e metida nas formas untadas com azeite ou banha de porco e alternada com camadas de carne de porco e fumeiro. De seguida repousa mais meia hora e é tempo de acender o forno.
Isaura Reis confessa que a lenha utilizada tem influência no sabor do folar. “Utiliza-se a lenha do monte, que é as estevas, urzes e lenha de oliveira, que é a melhor para fazer o folar. Interfere no sabor do folar, porque há lenhas que não são tão próprias. Fica de melhor qualidade. O forno tem uma pedra lá atrás, quando está completamente branca varre-se o forno, experimenta-se por baixo com farinha e quando a farinha não queimar metem-se os folares, que ficam a cozer entre uma hora e meia a duas horas”, acrescenta Isaura Reis.
A tradição de confeccionar o folar é o tema do Raízes desta semana.
Pode ouvir a reportagem em Vilarinho de Agrochão, no concelho de Macedo de Cavaleiros, hoje na Brigantia depois das notícias das cinco da tarde e ler na edição desta semana do Jornal Nordeste.
Escrito por Brigantia
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