quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Moncorvo acusa Instituto de Conservação da Natureza de "terrorismo ambiental"

O presidente da câmara de Torre de Moncorvo acusou hoje o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) de "terrorismo ambiental" devido ao parecer desfavorável dado ao projeto do Parque Eólico de Moncorvo, no distrito de Bragança.

"O parecer do ICNF é absurdo e que não vale a pena mudar de política, ou de partidos, quando os técnicos [ICNF] são os mesmos e com os mesmos pensamentos. Estamos perante terrorismo ambiental, não havendo qualquer hipótese de mudança", disse à agência Lusa Nuno Gonçalves.

A agência Lusa tentou obter uma reação a estas acusações junto do ICNF, mas até ao momento ainda não foi possível.

Para o autarca do PSD, este 'dossier' caiu em cima do secretário de Estado do Ambiente, dias após a sua tomada de posse, o que não lhe deixou muitas hipóteses de estudar [os documentos] ou vir ao terreno, após o parecer [negativo] do INCF".

"No documento que fundamenta o chumbo da Declaração de Impacte Ambiental (DIA) não conseguem ver, ou dizer, quantas aves nos diversos parques eólicos já morreram porque foram contra as pás dos aerogeradores. Isto sim, merecia um estudo académico", indicou.

Por outro lado, Nuno Gonçalves disse não compreender como um projeto que engloba cerca de 92 milhões de euros de capitais estrangeiros e proposto para um território de baixa densidade pode "ir pelo rio abaixo".

O autarca afirma que de todas as entidades externas "a única que deu um parecer negativo" foi o ICNF.

De acordo com a DIA, a intervenção proposta "não é compatível com a salvaguarda dos valores ecológicos existentes, nomeadamente com as espécies protegidas da avifauna e quirópteros (morcegos), e paisagísticos, incluindo a paisagem cultural e respetivos atributos".

Segundo os ambientalistas, foram identificadas 14 espécies protegidas de aves de rapina, sendo que quatro têm o estatuto "em perigo" e duas "vulnerável". Existe o risco de colisão com aerogeradores e com linhas elétricas, nomeadamente com dois casais de Águia de Bonelli, um casal provável de Águia-real, entre outras.

A empresa proponente também já apresentou uma contestação à proposta da DIA desfavorável.

Em outubro de 2015, a Quercus também tinha efetuado uma participação à UNESCO alegando que o projeto do Parque Eólico de Torre de Moncorvo, afeta a paisagem na Zona Especial de Projeção do Alto Douto Vinhateiro, classificado como Património Mundial.

Em maio passado, o grupo Island Renewable Energy avançava que a construção do parque eólico, no distrito de Bragança deveria ocorrer até final de 2015, acrescentando os seus responsáveis que a unidade deveria entrar em funcionamento em 2016.

O investimento da multinacional de capitais irlandeses ronda os 80 milhões de euros, o que permitiria a instalação de 25 a 30 aerogeradores com uma potência que vai de 2,0 a 2,5 megawatts, tratando-se assim de "um investimento viável".

O Island Renewable Energy já havia formalizado um pedido de empréstimo no valor de 40 milhões de euros junto do Banco Europeu de Investimentos (BEI).

FYP // MSP
Lusa// fim

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