Esta fonte de nascente foi depois da Fonte Velha, na Fonte do Prado, aquela onde as pessoas, mais recentemente, há cerca de 150 anos, sobretudo a gente nova, mais ia à fonte, começando a povoação, também aí a abastecer-se.
Situada cerca de 200 m a sul da povoação, ao fundo da íngreme rua do mesmo nome que, descendo quase da Praça, junto à casa do Abade, assume um declive que se vai acentuando, possui antiga calçada.
Caracteriza-se por possuir um chafariz, todo em granito, servido por dois canos cilíndricos, saídos de dois florões artísticos, e era encimado por dois pináculos e por uma cruz. É de estilo barroco Jesuítico, e foi concluída no ano de 1735.
Ainda hoje aí existem os lavadouros públicos, dois grandes tanques todos em pedra, para onde escorre a água excedente do chafariz, sendo diariamente utilizados, dado a temperatura da água, sempre corrente, no Inverno, ser bastante amena e, no Verão, muito fresquinha.
É, ainda de referir que este fontanário rodeado por vegetação abundante, onde, durante muitos anos, resistiu um chorão, árvore centenária, hoje, infelizmente, abatida, foi, desde sempre, muito pitoresco, dando azo a cantigas à desgarrada, quando as raparigas, nas noites de Verão, iam à fonte com os seus cântaros e bilhas.
Tinha a sua história romântica, pois era famosa por ser o encontro e o local preferido de namorados. Dizia-se que quem bebesse daquela água ficava apaixonado pela terra e nunca mais a deixaria. Eram correntes as histórias de namorados em que a jovem tinha o cântaro à cabeça e depois de algum tempo ficava com a “rodela” marcada no couro cabeludo, cenas da vida quotidiana que o povo traduziu em versos:
E no Gil a passarada
Tem por mestre o rouxinol
Que canta de madrugada
E de tarde ao pôr do sol.
Não chores fonte do Gil
Não dês suspiros, nem ais
Pois foste a jóia mais bela
Da aldeia de Carviçais.
A tua água cristalina
Que tanta sede matou
Mas foi tão triste a tua sina
Que o povo te abandonou.
Junto a ti nos olmos brancos
Logo ao nascer do Sol
O melro assobiava
E cantava o rouxinol.
Vinham as moças à fonte
E os moços atrás delas
Rindo às gargalhadas
Na brincadeira com elas.
Eras a alegria da aldeia
E disso tenho saudade
Por junto a ti ter passado
O melhor da mocidade.
Ó minha fonte do Gil
Vou desvendar-te um segredo
Foste tu a causadora
De eu namorar tão cedo.
Em tempos as águas sobrantes da Fonte do Gil, eram utilizadas na rega das férteis hortas aí existentes e na zona do Figueiredo, havendo uma calendarização de 24 horas diárias de utilização das mesmas, distribuídas pelos proprietários em função das áreas que cada um possuía e necessitava.
Página do Tio João
in:jornalnordeste.com
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