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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 8 de março de 2016

Museu da Língua Portuguesa

Historicamente, os Bragançãos, a par dos Sousas, constituem uma família estruturante do Reino: o derradeiro braganção, Nuno Mendes de Chacim, bisavô de Inês de Castro (e tendem os historiadores, cada vez mais, a casá-la com D. Pedro em Bragança, onde nasceu o segundo filho, D. João de Portugal e Castro), está sepultado no Mosteiro de Castro de Avelãs.
A riqueza dos falares, documentada em recolhas, do guadramilês ao barrosão, que beneficiaram, sobretudo, o riodonorês e, nos últimos 16 anos, o mirandês ‒ oficialmente, segunda língua nacional ‒, ganha muito com as relações transfronteiriças, em que concorrem os demais museus de Bragança. 
Região felizmente conservadora do que importa aos etnógrafos e etnólogos ‒ hoje, antropólogos, musicólogos, etc., nacionais e estrangeiros ‒, em que os trabalhos e os dias se conjugam em expressões culturais e quadros linguísticos singulares, torna-se fácil carrear para um Museu da Língua materiais existentes ou inéditos, desde filmes sobre a região e autores a recolhas musicais ou cópia de papéis de José Leite de Vasconcelos depositados no Centro de Tradições Populares Manuel Viegas Guerreiro. Este, com a nova designação de grupo de Estudos de Tradições Populares, está integrado no Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras de Lisboa, centro que dirijo, onde temos grupos dedicados à África de língua oficial portuguesa e ao Brasil. 
Projecto científico de escopo eminentemente pedagógico ‒ e, desde logo, seguramente visitado, como se percebe pela afluência estudantil ao Museu do Abade de Baçal e, mais do que estudantil, ao Museu Militar ‒, esta região, tradicionalmente ligada à emigração europeia, brasileira e africana, mas também à missionação, desde Quinhentos, tem oferecido ao País e à Língua, nestes seis séculos, nomes de respeito em várias frentes, como se prova em A Terra de Duas Línguas. Antologia de Autores Transmontanos (2011, 2013), volumes amplamente divulgados na Lusofonia. 
Justifica-se, assim, um Museu da Língua Portuguesa, «projecto de extrema relevância para Bragança, que trará cá muita gente», como disse Hernâni Dias, presidente do município, em entrevista ao Mensageiro de Bragança (18-2-2016). Como estive na génese desta ideia, solicitado por Adriano Moreira há um ano, convém lembrar aos poderes públicos (Ministério da Cultura e Instituto Camões) esta precedência, quando outros, inspirados por um nefasto incêndio, se querem substituir ao Museu da Língua de São Paulo…
Com efeito, por iniciativa da Academia das Ciências de Lisboa, tivemos, em Fevereiro de 2015, na sede desta, uma reunião preparatória. Em Março, a mesma secção de Lexicologia e Lexicografia, sob a presidência do Professor Artur Anselmo, contou, já, com o presidente do Instituto Politécnico de Bragança. Em Junho e Julho, os académicos deslocaram-se a Bragança ‒ desde os citados a Telmo Verdelho, Fernando Sousa, etc. Em 4 de Setembro, constituiu-se, notarialmente, uma associação promotora do Museu, integrando a Academia das Ciências, o Instituto Politécnico e a Câmara Municipal. 
A Academia garante a matéria científica, o Instituto oferece um edifício e a Câmara responsabiliza-se pelas obras, candidatando-se a fundos comunitários. Acresce que, numa reunião em Bragança, interveio o anterior presidente autárquico, Jorge Nunes, agora bem situado, no Porto, na distribuição dos referidos fundos, e cuja experiência de 16 anos à frente da edilidade será muito útil.
Ernesto Rodrigues
O Museu ficou planeado no papel, à espera de futura arquitectura. Várias academias e outras instituições associaram-se. Houve, também, contactos junto de algumas personalidades. Constituídas as comissões executiva, científica e de curadores, falta aprontar o espaço físico, para que foi escolhido um antigo celeiro, de três torres, vistas de vários ângulos da cidade. Espero que esta ideia se concretize. Veiculei esta informação em mail para Ana Paula Laborinho, presidente do Instituto Camões, e minha colega na Faculdade de Letras de Lisboa. E noticiada, agora, pelo presidente do Executivo bragançano, deve criar-se um movimento de opinião pública que se espalhe ao país.

Jornal Nordeste (Bragança), 23-II-2016
Por: Ernesto Rodrigues

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