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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Milhares de pequenos e médios viticultores podem deixar a atividade nos próximos anos

Produzir uvas para vinhos Douro DOC (Denominação de Origem Controlada) não compensa, porque são pagas a metade do que custa produzi-las.
Francisco Rodrigues, proprietário da Quinta do Monte Bravo, em São João da Pesqueira, ajuda a perceber o prejuízo que dá produzir uvas no Douro:

 “Um quilo na região do Douro, podemos considerar os 0,80€ como um valor de referência para o custo/produção. Num ano normal, as uvas não destinadas a produzir o vinho do Porto, ou seja, uvas que produzem vinho de mesa ou Douro DOC, têm vindo a ser pagas na ordem dos 0,30€/0,40€.”

Quem também produz para vinho do Porto vê as uvas mais bem pagas (entre 1 e 1,5 euros por quilo), o que acaba por compensar o prejuízo com as restantes.

Ora, isto acontece na região que completou, na passada sexta-feira, 17 anos como Património Mundial.

Francisco Rodrigues salienta que este ano os preços subiram porque houve menos uvas. Se nos outros os preços são baixos é porque quem negocia as uvas se aproveita dos pequenos agricultores:

“Num ano como o da campanha passada houve uvas a serem transacionadas a preços na ordem dos 0,80€ a 1€ o kg. Significa que para haver empresas a pagar, num ano como este, esse valor, têm mercado para esses vinhos para poderem repercutir esse preço numa garrafa final. Nos outros anos, têm-se vindo aproveitar o lavrador, do agricultor, que produz essas uvas e em outros anos as entrega a 0,30€/0,40€.” 

O professor da UTAD, João Rebelo, é o coordenador científico do estudo “Rumo Estratégico Para o Setor dos Vinhos do Porto e Douro”, que foi produzido pela academia transmontana para o IVDP.

João Rebelo subscreve as preocupações dos viticultores, que foram bem identificadas também naquele estudo.

O investigador refere que a lei da concorrência não permite fixar preços, pelo que a solução passa pelo controlo da oferta, ou seja produzir menos e com mais qualidade:

 “Criar mecanismos de compensação para quem sai da agricultura. A questão que se coloca na sobrevivência é naquela dimensão intermédia que eu calcularei entre os 5 e os 15 hectares. Tem elevados custos de produção, já não consegue ser mão-de-obra familiar, e não há dinheiro para lhes pagar.”

Ora, a falta de mão-de-obra é um dos principais problemas que o Douro está a enfrentar. Joaquim Monteiro, viticultor de Ervedosa do Douro, em São João da Pesqueira, diz que alguma coisa vai ter de acontecer porque o Douro está a morrer aos poucos:

“A impressão que tenho é que o Douro está a morrer aos poucos em termos de população. Quer dizer que para manter esta paisagem viva não sei o que vamos fazer. Algo tem que acontecer porque com estas alterações climáticas e falta de mão-de-obra, é muito complicado e fala-se muito pouco disto. Nota-se o que está a acontecer, os jovens vão embora, e ficamos aos poucos sem qualquer mão-de-obra.”  

Refira-se que entre 1400 e 1500 euros por pipa de vinho do Porto e entre 500 e 600 euros para os vinhos Douro DOC são preços que os viticultores entendem ser os mais justos para conseguirem viver na região com dignidade.

Para se perceber melhor o que está em causa, vale a pena dizer também que o preço médio que se paga por um litro de vinho com denominação de origem controlada na União Europeia é de sete euros. Em Portugal o preço médio não chega aos quatro euros e cerca de 60% é vendido abaixo de 3,20 euros.

INFORMAÇÃO CIR (Rádio Ansiães)

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