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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Não suba o sapateiro…

A criação artística seja em que disciplina for ou temática está sempre sujeita a uma dupla indagação, a do criador e a do julgado, aquele que a frui. O notável escritor José Régio (não sei se é objecto de falação nas Escolas) no auge de uma controvérsia onde os ortodoxos neo-realistas queriam e várias vezes conseguiram impor os seus pontos de vista, escreveu fulguroso ensaio em torno da expressão artística, outros o têm feito e continuarão a fazer, o mesmo no que tange às manifestações contra a imaginação e entendimento do Mundo doa artistas, o recente atentado atingindo uma obra minimalista de arte de Pedro Cabrita Reis exposta na marginal de Matosinhos é a prova provada do acima escrito.
Na Grécia antiga um sapateiro ao ver um quadro do famoso pintor da Jónia, Apeles assim o deu a conhecer Plínio O Velho, apontou um defeito numa sandália da figura retratada, Apeles ouviu e logo emendou o defeito. No dia posterior colocou-se atrás de uma cortina de modo a poder ouvir os comentários dos passantes observadores. Pois logo voltou a surgir o sapateiro que não tardou a apontar outro defeito no quadro. Apeles verificou a não razão do atrevido sapateiro, correu a cortina, apareceu e disse ao remenda tombas: não subas acima da chinela…
Vem isto a propósito de ter lido o intento de artista pasteleiro ter tido a intenção, ou ter concebido um bolo-rei utilizando farinha de castanha na presunção de elevar as potencialidades turísticas da região recorrendo a tal farinha para o efeito. A história do bolo de Reis remonta às festas em honra de Saturno (saturnais), nesse período colocava-se uma fava no preparado contemplando um rei ou uma rainha, na Idade Média, é, como agora, festividade maior da Igreja Católica, ligando-o à Epifania. O bolo dos Reis passou a bolo-rei, pelo meio refulgem episódios que conferem a este bolo representações de vária ordem, ate as políticas, a seguir à Revolução Francesa e à implantação da República em Portugal surgiram tentativas de republicanização do afamado doce. A real/realeza manteve-se.
Não sendo lacrimejante saudosista parece-se ser a sua confecção com farinha de castanha em virtude do seu conteúdo açucarado de nascença a colidir com o açúcar em pó, para além de a acima referida farinha ser mais grossa.
Tecnicamente é possível a confecção empregando a farinha do fruto castanho, no entanto, há inovações a evitar, porque se em matéria de gostos nada está decretado, manda o bom senso e o bom gosto mantermos as receitas tradicionais. Para mal chegam as abstrusas alheiras de tudo e mais alguma coisa, incluindo as seculares cuja lenda continua a ser ululantemente veiculada.

Armando Fernandes

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