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Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço.
A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)
No Carnaval do chef Óscar Geadas havia diabos à solta e cozido no pote
O chef do restaurante G, na Pousada de Bragança, é natural de Vinhais, onde passou a infância. Desses anos, sobressai a memória dos "diabos à solta" no Carnaval e do cozido tradicional feito ao lume, com butelo e cascas e ainda, na sua casa, também o chouriço azedo.
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Chef Óscar Geadas (Fotografia: Rui Oliveira/GI) |
A comida do Carnaval está na abertura do menu de degustação do restaurante G, na Pousada de Bragança. O chef Óscar Geadas (na verdade, um Gonçalves que tomou como nome a alcunha da família) leva à mesa, como saudação aos comensais, um butelo desconstruído. Naquele restaurante panorâmico, que este ano manteve a estrela Michelin (a primeira em Trás-os-Montes, que distinguiu este projeto de cozinha regional contemporânea), também se pode provar o prato tradicional da região de Bragança – o butelo, um enchido, acompanhado pelas casulas (as cascas do feijão).
Este enchido feito com os ossos do espinhaço e das costelinhas e pele da bexiga ou do bucho, é desossado para criar um medalhão. É servido sobre um creme de cozido de cascas (ou casulas),acompanhado por orelha frita. Óscar, de 43 anos, vive em Bragança desde criança, mas é natural de Vinhais onde passou a infância. E pertencem a essa vila as suas memórias mais antigas do Carnaval. “Quando eu era pequeno, as pessoas levavam a tradição mesmo a preceito. Vestiam-se e saíam os diabos pela rua. Felizmente, em Vinhais está-se a procurar manter viva a tradição dos Mil Diabos à Solta”, referiu.
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Chef Óscar Geadas (Fotografia: Rui Oliveira/GI) |
Óscar tem memórias da sua mãe iniciar, com naturalidade, a comida do Carnaval. “Punha-se o pote ao lume logo de manhã, no fundo iam as carnes mais rijas, como a pá, o focinho e a orelha, a cozer lentamente. Depois das batatas e depois o butelo, que cozia mais depressa”, recorda. O cozido tradicional era feito como qualquer outra refeição festiva: naquele dia, a comida era aquela, preparada sempre da mesma maneira.
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Restaurante G (Fotografia: Rui Manuel Ferreira/GI) |
Na casa dos “Geadas”, também se comia o azedo, um chouriço feito com pão, alho e azeite e carne de porco. “Era a massa das alheiras, mas sem carne de aves e depois fazia-se com a pele do intestino grosso”, assinala. Esta pele é chamada a “tripa cagueira”, um nome que tem também o seu quê de entrudesco.
A Pousada
Foi um projeto de irmãos – de Óscar e de António – a reabilitação da pousada modernista de Bragança, recuperando, com frescura, o singular caráter do edifício. O restaurante fica nessa pousada de charme, com vista panorâmica sobre a cidade e o castelo.
Dora Mota
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