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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Sem olhos em Mirandela

Há dias vi e ouvi as dificuldades porque passa um jovem invisual a viver na cidade das alheiras famosas porque o comboio na altura findava o percurso naquela localidade. Dos idos novecentistas dos primórdios até agora a vila transformou-se em burgo alargado na volumetria e exíguo para não dizer asfixiado no que tange a equipamentos, sinais e apoios a toda a casta de desvalorizados fisicamente em geral, a cegos tão cegos quanto Homero e Castilho em particular.
Trago à colação dois escritores, o primeiro enorme figura da civilização ocidental, o segundo amigo de realçar as qualidades do homens, mulheres e crianças dos meios rurais, a província como se costuma dizer-se, ainda porque a minha obsessão em referir e falar de homens de letras (que não da área financeira) ao ver o infeliz moço de Mirandela superar a terrível carência com enorme desenvoltura a memória fez saltar como coelho da cartola o famoso livro “Sem Olhos em Gaza”, do colosso literário chamado Aldous Huxley que poucos têm ensejo em lerem pois a leitura transformou-se em utilidade escolar para a maioria das mulheres e homens, fenecendo pouco a pouco, o prazer da leitura, o prazer espiritual do deleite na absorção de textos dos clássicos e grandes escritores de vários matizes, um deles, também vítimas de maleita a sepultá-lo no reino das trevas que o viria a levá-lo a desfazer-se da vida em S. Miguel de Ceide. O genial «picado das bexigas» escreveu “O cego de Landim», todas estas referências explodiram ao ver quão grande é o enfraquecimento dos cidadãos a viverem um dia a dia desfavorecido para quem está debilitado ou pura e simplesmente imerso na senectude. As autarquias, frequentemente, esquece-os ou confia na sua queda no alçapão dos lares e nas camas de existentes nas suas casas quantas vezes sem o necessário apoio de familiares e amigos. A população portuguesa envelhece a olhos visto e os denominados cuidados paliativos, em numerosas comunidades são mesmo paliativos a estibordo e a bombordo.
Ao que sei existe em Mirandela uma Associação de Amigos, conheço algumas de pendor almoçarista e fotografias a assinalarem actos de benemerência em épocas de dias nomeados, pois bem, o mote da reportagem suscita-me a proposta de na vetusta Mirandela a referida Associação levar a cabo uma campanha visando a remoção das barreiras e buracos cerceadores da movimentação dos incapacitados e a criação de brigadas de voluntários capazes de levarem a efeito acções de sensibilização cívica dos direitos (uma das queixas prendia-se com a incúria no deixar o invisual ir na rua sem entraves) de os menos capazes o serem tal como são os escorreitos da mente e dos sentidos. Se esta crónica tiver algum sucesso fico feliz e prometo visitar a urbe outrora dos Távoras em próxima oportunidade.


Armando Fernandes

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