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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Um dos dois únicos abutres-pretos nascidos em 2020 no Douro Internacional regressa pela primeira vez ao território de origem

Uma das duas únicas crias de abutre-preto (Aegypius monachus) nascidas e marcadas com dispositivos GPS no Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) em 2020 regressou este ano, pela primeira vez, no dia 29 de julho, ao território onde nasceu e frequentou um campo de alimentação para aves necrófagas (CAAN) localizado no concelho de Miranda do Douro, distrito de Bragança, gerido pela organização não governamental de ambiente Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, que fez o registo do indivíduo juvenil através de câmara de fotoarmadilhagem.

Abutre-preto Lechuga. Fotografia Palombar.

O juvenil de abutre-preto, batizado de Lechuga, nasceu em 2020, assim como outro indivíduo da mesma espécie, e são crias dos dois únicos casais reprodutores de abutres-pretos até agora identificados no PNDI.

O Lechuga abandonou a sua zona de nascimento, no PNDI, em fevereiro de 2021, e, desde então, tinha estado a explorar novos territórios entre Espanha e Portugal, nomeadamente a província de Salamanca, a Serra de Gredos e a Extremadura espanhola, bem como o Alentejo.

Abutre-preto Lechuga. Fotografia Palombar.

Nos últimos meses, tinha-se alimentado com frequência numa lixeira localizada próxima à cidade de Salamanca, em Espanha, um comportamento comum entre os abutres. Nestes locais, a espécie encontra alimento disponível e abundante, mas de pouca qualidade, visto que pode estar muito provavelmente contaminado, havendo um maior risco de intoxicação.

Depois de um périplo dispersivo, o abutre-preto juvenil Lechuga voltou, pela primeira vez, no dia 29 de julho deste ano, ao território onde nasceu no PNDI, tendo sido atraído pela movimentação e atividade de outros abutres num dos CAAN localizado no PNDI gerido pela Palombar.

A primeira visita de regresso do Lechuga ao PNDI foi registada por técnicos da Palombar através de câmara de fotoarmadilhagem. Juntamente com o Lechuga, foram também registados mais cinco abutres-pretos, todos estes provavelmente sub-adultos. O registo foi igualmente confirmado através de dados de GPS emitidos pelo dispositivo colocado no abutre.

O registo deste indivíduo num CAAN vem comprovar a importância destas estruturas para a disponibilização de alimento com qualidade, livre de substâncias tóxicas, e de forma regular para espécies de aves necrófagas ameaçadas, a qual é fundamental principalmente durante a época de reprodução e período de dispersão dos juvenis, contribuindo também para o estabelecimento e fixação destes no território e para o aumento da sua população nidificante.

Em maio de 2020, a Palombar também tinha registado pelo menos oito abutres-pretos a alimentarem-se num CAAN gerido pela organização no concelho de Mogadouro. Os abutres-pretos são registados com frequência nos CAAN geridos pela Palombar, pelo que estas estruturas estão a contribuir de forma efetiva para impulsionar um possível aumento do número de casais de abutre-preto reprodutores no PNDI nos próximos anos.

Mapa de movimentos do abutre-preto Lechuga no período junho-julho de 2021. Imagem Vulture Conservation Foundation (VCF).

As duas únicas crias de abutre-preto nascidas no PNDI em 2020 foram marcadas com dispositivo GPS cedidos pela Vulture Conservation Foundation, nos dias 26 de junho de 2020 e 13 de julho do mesmo ano, numa ação realizada no âmbito do projeto LIFE Rupis e coordenada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF/DRCNF do Norte/PNDI), com intervenção da ATNatureza- Associação Transumância e Natureza, parceiros do LIFE Rupis, assim como a Palombar. Estes foram os primeiros abutres-pretos a serem marcados com GPS no PNDI.

Mapa de movimentos do abutre-preto Lechuga no período agosto de 2020 - agosto de 2021. Imagem Vulture Conservation Foundation (VCF).

O abutre-preto extinguiu-se como nidificante em Portugal no início da década de 70. No entanto, a espécie manteve-se presente na faixa fronteiriça das regiões centro e sul, com indivíduos provenientes de Espanha. Só em 2010 o abutre-preto voltou a nidificar em Portugal, no Parque Natural do Tejo Internacional. Em 2012, registou-se o primeiro casal nidificante no PNDI e, em 2019, o segundo.

Esta espécie só tem uma cria por época de reprodução. Por ter uma população extremamente reduzida, o abutre-preto está classificado como “Criticamente em Perigo” em Portugal.

A marcação das duas crias com dispositivo GPS permite realizar uma monitorização constante dos seus movimentos e obter informação valiosa para assegurar a sua proteção e conservação.

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