Alegadamente, a suposta vítima foi submetida a uma rizotomia (uma cirurgia a nível da coluna), no dia 28 de abril, mas algum procedimento não terá corrido bem, como conta Fernando Ramos, marido da vítima. “No dia 29 ligam-me do hospital Terra Quente a dizer que a minha mulher ia a caminho do hospital de São João porque tinha uma fissura na traqueia. Não entendo como é que numa rizotomia, que é uma intervenção simples na vértebra, isto acontece. Quando cheguei ao Porto, uma médica disse-me que ela tinha uma rotura na traqueia e tinha um enfisema pulmonar até à pélvis, ou seja, parecia um balão. Acrescentou apenas que ela tinha sido vítima de um erro médico”.
Depois de passar três semanas em coma induzido, no Porto, Maria Conceição Ramos foi transferida para o serviço de Medicina Intensiva do Hospital de Bragança.
Cerca de quatro meses depois da cirurgia, a utente continua com várias sequelas. “Quando o ortopedista me disse que ela entrava num dia e saía no outro, nunca imaginei que isto fosse acontecer. Já lá vão uns quatro meses e a minha mulher continua com vários problemas. Tem tosse, tiveram de lhe fazer uma traqueostomia, depois apanhou uma bactéria hospitalar, tem sido uma série de episódios”.
O marido da vítima acredita que o erro terá sido cometido no processo anestésico. “Na minha opinião, foi pelo tubo orotraqueal. Tenho pesquisado e tenho-me tentado informar o mais que posso e pelo que entendo, estes tubos são cortados e para serem colocados as pessoas têm de ter a cabeça inclinada. Ao manobrar o tubo, é preciso rodar a cabeça para que estas coisas não aconteçam. Sinceramente nunca ninguém me deu uma explicação concreta. Esta é a minha opinião e enquanto não me disserem o contrário continuo com a ideia do que me disseram no hospital de São João, ou seja, que a minha mulher foi vítima de um erro médico.”
Fernando Ramos refere que continua “à espera de respostas” que nunca chegaram. “Continuo à espera que a administração se digne a dizer-me alguma coisa. A melhor indemnização que posso ter em relação a tudo isto é alertar as pessoas. Peço que tenham cuidado no aspeto das cirurgias, especialmente no que toca às anestesias. Para já, não vou processar o hospital, isso só faria com que gastasse imenso dinheiro e não ia adiantar de nada. Pedi vários esclarecimentos mas não me deram nada. Fui sempre atendido pela secretária da Unidade”.
Entretanto, Maria Conceição Ramos permaneceu algumas semanas na Unidade de Convalescença de Macedo de Cavaleiros, de onde teve alta na sexta-feira passada. Segundo avança o marido, a esposa continuará a fazer terapia de fala e fisioterapia.
Contactado sobre o caso, João Marinha de Sousa, Diretor Executivo do Hospital Terra Quente, refere que “no decurso da intervenção à utente ocorreu uma situação não previsível, mas própria do acto médico que foi praticado, tendo o Hospital Terra Quente desencadeado os normais procedimentos protocolados, prestando todo o apoio que se exigia à circunstância”, sublinhando que “em momento algum o Hospital Terra Quente foi confrontado com qualquer reclamação ou pedido de esclarecimentos, por parte da utente, seus familiares ou representantes.”
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