A rebeldia própria da juventude despontou em toda a parte e floriu em generosidade enquanto se defendia que se fizesse amor e não guerra, que se entrelaçassem as mãos para a viagem até ao paraíso na terra que se afigurava como estando ao virar da esquina. Bem sabemos que depois nem tudo correu como devia, mas sonhar é o que alimenta a vida.
Não vi e não vivi, mas sem dúvida alguma que foi bonita a festa pá! Digo eu, que tendo a ver com as coisas com olhos que são cá os meus. Posso até dizer que se fosse senhor do tempo, faria com que ele recuasse assim como quem recua os ponteiros de um relógio, pedia licença a minha mãe, desnascia, e voltava a nascer aí pelos finais da década de quarenta do século passado, só para lá ter estado.
Claro que depois faria o processo inverso para nascer outra vez no dia em que nasci e faria quase tudo igual, mas pronto, era uma maneira de viver por dentro todas aquelas maluquices da malta dos anos sessenta, que, diga-se de passagem, foi coisa rara no nosso Portugal obscurecido e de mentes limitadas e sem luz porque não sabiam que não há machado que corte a raiz ao pensamento.
Seja como for, ficou-me um pouco a tendência arredia sobre tudo o que é proibição, por entender que quanto mais evoluída foi uma sociedade, menos ditos e requisitos de proibição necessita.
Obviamente que ela se impõe aqui e ali e em muitas coisas, mas granjeie-se muito bem o campo da tolerância com a charrua da objetividade e logo proibir será algo cada vez menos necessário.
No entanto e para mal dos nossos pecados, vivemos dias em que proibir ou tentar proibir virou moda. Seres cientes de uma suposta superioridade moral e de uma visão inaudita, nunca vista, querem impor e proibir, querem se tiverem oportunidade, cercear ideias rotuladas como impróprias impondo modos de viver e de ser.
Confesso que trago isto a lume, como se costuma dizer, porque estou que nem posso. Só vejo iluminados a quererem proibir. Gente que de legumes só conhece os que encontram nos supermercados, exigem que os humanos deixem de comer carne. Gente que nunca plantou uma couve ou uma árvore, declara amor extremo à mãe Natureza rotulando de ímpios impuros todos os outros. Gente que faz de conta que animais são pessoas, condena quem corre por animais, os utiliza como é ancestralmente suposto e os protege enquanto espécie.
Jovens vanguardistas, dizem-se, não mais lutam por sonhos e por justiça neste mundo cão. Lutam nem sabem bem porquê, porque não sabem o seu lugar no palco da vida que é uma peça de teatro onde o pano pode cair a todo o momento sem hora e lugar para aplausos.
Sinal dos tempos até que o tempo coloque as coisas no devido lugar como sucede desde que o tempo é tempo. Mas voltando ao antes, só me apetece dizer: O céu é de todos. Abaixo os telhados.
Também diziam isto, aqueles marotos e aquelas marotas quando eu ainda era rapaz a aprender a ler e a escrever. Depois, deu nisto. Ele há coisas!
Sem comentários:
Enviar um comentário