Por: Humberto Pinho da Silva
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Acabo de conhecer, que devido à sustentabilidade das pensões, o aumento para o próximo ano, será inferior à inflação.
Compreende-se perfeitamente, devido à dificuldade financeira do País, e atendendo à conjuntura internacional, não ser prudente, aumento substancial.
Tenho quase oitenta anos, e desde que me lembro, ouço sempre dizer, que estamos em crise financeira. É mal que se arrasta há séculos...
Se analisarmos conscienciosamente a situação dos idosos, verificamos que grande parte vegetam, com seus achaques, suas maleitas, e sem recursos para se tratarem devidamente.
Exceptuam-se as elites, e os que abalaram, durante a juventude, para o estrangeiro. Com as elevadas reformas (em comparação às nacionais,) conseguem – em Portugal, – lares dignos ou vida folgada.
No nosso País nunca se cuidou devidamente da população envelhecida. Mesmo sabendo-se, que actualmente são tão numerosos, que podem influenciar na escolha do governo, continuam a serem marginalizados.
Preocupam-se – e ainda bem, – com os estudantes; na dificuldade de encontrarem alojamento, na proximidade da Universidade. Para minimizarem a lacuna, adapta-se quartéis abandonados e casarões e constroem-se casas de raiz, para os acolher.
Todavia, nem as autoridades, nem a mass-media ou a sociedade em geral, se lembram de encontrarem casas de acolhimento para os idosos de pequenos recursos, que hoje, não são só os pobres, mas, também, a classe-média, muitas vezes mais carente que os pobres.
Afortunadamente, possuo meios para não precisar de me recolher a lares – assim julgo, – mas quantos vivem abandonados pelos filhos e netos, solitários, entre as quatro paredes, de sua casa? (Se a têm...)
Visitei, com amigo, lar nos arredores do Porto. O que vi?: Ampla e sombria sala, com grandes poltronas ao redor do écran televisivo. Eram velhinhas de olhar esgazeado ou dormitando, de mantinha sobre os joelhos.
Noutro lar, de bom aspecto, airoso e moderno, encontrei intelectual bragançano, que me mostrou seu quarto, onde dormiam outros companheiros. Declarou-me que de início, custou-lhe dividir o quarto com desconhecidos, mas como era cego... nada via...
Já que não é possível atribuir reformas justas e acudir famílias carentes, pelo menos levantem edifícios para abrigar com dignidades, idosos, mesmo que tenham de contribuírem com parte da modesta pensão.
Recolher os nossos idosos, e os sem-abrigo, é dever primário das: obras de caridade, obras de assistência, da sociedade em geral e obrigação do Estado.
Outrora, os velhos, eram respeitados, quase venerados, pela família e pela colectividade, que os consideravam relicários das tradições e costumes da nação.
Agora parecem trapos; entes improdutivos, que lapidam o património. São, para muito, seres menores, que vivem mergulhados em recordações saudosistas, esperando pacientemente a morte.
Compreende-se perfeitamente, devido à dificuldade financeira do País, e atendendo à conjuntura internacional, não ser prudente, aumento substancial.
Tenho quase oitenta anos, e desde que me lembro, ouço sempre dizer, que estamos em crise financeira. É mal que se arrasta há séculos...
Se analisarmos conscienciosamente a situação dos idosos, verificamos que grande parte vegetam, com seus achaques, suas maleitas, e sem recursos para se tratarem devidamente.
Exceptuam-se as elites, e os que abalaram, durante a juventude, para o estrangeiro. Com as elevadas reformas (em comparação às nacionais,) conseguem – em Portugal, – lares dignos ou vida folgada.
No nosso País nunca se cuidou devidamente da população envelhecida. Mesmo sabendo-se, que actualmente são tão numerosos, que podem influenciar na escolha do governo, continuam a serem marginalizados.
Preocupam-se – e ainda bem, – com os estudantes; na dificuldade de encontrarem alojamento, na proximidade da Universidade. Para minimizarem a lacuna, adapta-se quartéis abandonados e casarões e constroem-se casas de raiz, para os acolher.
Todavia, nem as autoridades, nem a mass-media ou a sociedade em geral, se lembram de encontrarem casas de acolhimento para os idosos de pequenos recursos, que hoje, não são só os pobres, mas, também, a classe-média, muitas vezes mais carente que os pobres.
Afortunadamente, possuo meios para não precisar de me recolher a lares – assim julgo, – mas quantos vivem abandonados pelos filhos e netos, solitários, entre as quatro paredes, de sua casa? (Se a têm...)
Visitei, com amigo, lar nos arredores do Porto. O que vi?: Ampla e sombria sala, com grandes poltronas ao redor do écran televisivo. Eram velhinhas de olhar esgazeado ou dormitando, de mantinha sobre os joelhos.
Noutro lar, de bom aspecto, airoso e moderno, encontrei intelectual bragançano, que me mostrou seu quarto, onde dormiam outros companheiros. Declarou-me que de início, custou-lhe dividir o quarto com desconhecidos, mas como era cego... nada via...
Já que não é possível atribuir reformas justas e acudir famílias carentes, pelo menos levantem edifícios para abrigar com dignidades, idosos, mesmo que tenham de contribuírem com parte da modesta pensão.
Recolher os nossos idosos, e os sem-abrigo, é dever primário das: obras de caridade, obras de assistência, da sociedade em geral e obrigação do Estado.
Outrora, os velhos, eram respeitados, quase venerados, pela família e pela colectividade, que os consideravam relicários das tradições e costumes da nação.
Agora parecem trapos; entes improdutivos, que lapidam o património. São, para muito, seres menores, que vivem mergulhados em recordações saudosistas, esperando pacientemente a morte.
Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".
Pela descrição que faz do intelectual Bragançano, tratava-se certamente de Santa Rita Xisto.
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