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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

QUEM SE LEMBRA DOS IDOSOS?

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Acabo de conhecer, que devido à sustentabilidade das pensões, o aumento para o próximo ano, será inferior à inflação.
Compreende-se perfeitamente, devido à dificuldade financeira do País, e atendendo à conjuntura internacional, não ser prudente, aumento substancial.
Tenho quase oitenta anos, e desde que me lembro, ouço sempre dizer, que estamos em crise financeira. É mal que se arrasta há séculos...
Se analisarmos conscienciosamente a situação dos idosos, verificamos que grande parte vegetam, com seus achaques, suas maleitas, e sem recursos para se tratarem devidamente.
Exceptuam-se as elites, e os que abalaram, durante a juventude, para o estrangeiro. Com as elevadas reformas (em comparação às nacionais,) conseguem – em Portugal, – lares dignos ou vida folgada.
No nosso País nunca se cuidou devidamente da população envelhecida. Mesmo sabendo-se, que actualmente são tão numerosos, que podem influenciar na escolha do governo, continuam a serem marginalizados.
Preocupam-se – e ainda bem, – com os estudantes; na dificuldade de encontrarem alojamento, na proximidade da Universidade. Para minimizarem a lacuna, adapta-se quartéis abandonados e casarões e constroem-se casas de raiz, para os acolher.
Todavia, nem as autoridades, nem a mass-media ou a sociedade em geral, se lembram de encontrarem casas de acolhimento para os idosos de pequenos recursos, que hoje, não são só os pobres, mas, também, a classe-média, muitas vezes mais carente que os pobres.
Afortunadamente, possuo meios para não precisar de me recolher a lares – assim julgo, – mas quantos vivem abandonados pelos filhos e netos, solitários, entre as quatro paredes, de sua casa? (Se a têm...)
Visitei, com amigo, lar nos arredores do Porto. O que vi?: Ampla e sombria sala, com grandes poltronas ao redor do écran televisivo. Eram velhinhas de olhar esgazeado ou dormitando, de mantinha sobre os joelhos.
Noutro lar, de bom aspecto, airoso e moderno, encontrei intelectual bragançano, que me mostrou seu quarto, onde dormiam outros companheiros. Declarou-me que de início, custou-lhe dividir o quarto com desconhecidos, mas como era cego... nada via...
Já que não é possível atribuir reformas justas e acudir famílias carentes, pelo menos levantem edifícios para abrigar com dignidades, idosos, mesmo que tenham de contribuírem com parte da modesta pensão.
Recolher os nossos idosos, e os sem-abrigo, é dever primário das: obras de caridade, obras de assistência, da sociedade em geral e obrigação do Estado.
Outrora, os velhos, eram respeitados, quase venerados, pela família e pela colectividade, que os consideravam relicários das tradições e costumes da nação.
Agora parecem trapos; entes improdutivos, que lapidam o património. São, para muito, seres menores, que vivem mergulhados em recordações saudosistas, esperando pacientemente a morte.

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

1 comentário:

  1. Pela descrição que faz do intelectual Bragançano, tratava-se certamente de Santa Rita Xisto.

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