Depois de, em novembro, ter sido confirmada numa amostra de oliveira, colhida num viveiro na freguesia de Alvites, o que determinou o estabelecimento de uma Zona Demarcada que abrangeu várias freguesias de Mirandela e até de Macedo de Cavaleiros, sabe-se agora que, no final de dezembro, a Xylella foi detetada numa amostra colhida num viveiro da cidade de Mirandela com a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) a estabelecer uma nova zona demarcada.
Tal como já tinha acontecido no primeiro caso, em Alvites, também os prejuízos para o proprietário do viveiro de Mirandela são avultados.
Depois de confirmado o novo caso, a DGAV emitiu um despacho, datado de 22 de dezembro, para estabelecer a zona demarcada para Xylella fastidiosa, que denominou de Mirandela II, que abrange parcialmente as freguesias de Mirandela, Carvalhais, Cabanelas e Suçães, formada pela zona infetada com um raio de, pelo menos, 50 metros em redor e a zona tampão com a largura de, pelo menos, 2,5 km em redor da zona infetada.
O despacho da DGAV determina ainda as medidas que devem ser aplicadas para a erradicação da bactéria, entre elas está a destruição dos vegetais infetados, a proibição de plantação na zona infetada, bem como a comercialização em feiras e mercados.
Nélson Novais, proprietário do viveiro de Mirandela onde foi detetada a bactéria, não esconde a preocupação com a situação até porque não tem dúvidas que pode implicar a paragem da atividade de vários profissionais do setor:
“A zona dos viveiristas já está demarcada, num raio de 2,5 km, onde 80% do profissionais vão parar. Só com 20% não dá para trabalhar.
Isto é muito complicado e é como uma bomba que aqui nos caiu.”
O proprietário deste viveiro na cidade mirandelense lamenta esta má notícia numa altura em que devia estar a faturar:
“No último mês deixei logo de vender 10 mil euros. Tinha programado até ao fim de janeiro 30 mil e para além deste temos de contar ainda com aquilo que possam vir a destruir, que representa muitos milhares de euros.
Isto apanhou-nos aqui mesmo no início da campanha.
Os viveiros trabalham meio ano para produzir e o outro meio para vender. O impacto vem já do ano passado pois os investimentos foram todos feitos nessa altura para agora podermos vender as plantas.”
Nélson Novais estima que esta situação possa vir a causar um prejuízo a rondar os 60 mil euros:
“Vai mais ou menos para esse valor, 60 mil.
Tenho o problema de ter feito investimentos agora e ter de os pagar, no valor de 50 mil euros.”
A Xylella fastidiosa é uma bactéria que afeta mais de 300 espécies de muitas culturas importantes como olivais, amendoais, citrinos e plantas ornamentais.
Está classificada como organismo de quarentena, dispersa-se através de insetos, em distâncias curtas, e pelo transporte de plantas contaminadas, em distâncias longas.
O perigo está identificado desde 2013, quando a bactéria dizimou os olivais no sul de Itália, levando ao abate de milhões de árvores.
Nos últimos anos, este agente infecioso saltou fronteiras para os restantes países europeus – Portugal incluído – onde a Xylella fastidiosa foi detetada, pela primeira vez, em Janeiro de 2019, na freguesia de Avintes, em Vila Nova de Gaia, em plantas ornamentais, como a lavanda.
Confrontada com este assunto, a Diretora Regional de Agricultura e Pescas do Norte, sem prestar declarações gravadas, explicou que a DRAPN está a executar o plano emanado pela DGAV, entidade coordenadora nacional, para o cumprimento das medidas de proteção fitossanitária aplicáveis e sempre em estreita colaboração com os produtores e sem qualquer tipo de alarmismo, acrescentou Carla Alves revelando que o assunto está a ser acompanhado de perto também pelo Município de Mirandela e as associações agrícolas, numa concertação de esforços para sensibilizar o Ministério da Agricultura da necessidade de apoiar os produtores afetados.
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