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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 31 de maio de 2023

SER ALGUÉM

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Quando era adolescente e andava na escola, meus pais, muitas vezes, diziam-me: " Estuda, para vires a ser alguém!" Mas eu não entendia bem o que era ser – " Alguém".
Envelheci, passei sarilhos e cadilhos, meditei e observei a vida, não com olhos de quem a vive, mas como mero espectador, e conclui: ser "Alguém" – para muitos, – é entrar numa Faculdade. Obter licenciatura. Alcançar cargo de relevo e auferir milhões.
Entra-se na escola não para se instruir e adquirir cultura, que possa servir a sociedade, mas para se sobreviver nesse mar encapelado, que é a coletividade, e se possível, vir a ser – " Alguém".
Logo que se dá os incipientes passos, pretende-se que o menino seja o melhor e superior aos condiscípulos da escolinha.
Assim se inicia, na escola, a ser – "Alguém".
Se por infelicidade, fraqueza de memória ou estranha psicose, fracassa, começa a ser – " Ninguém".
No correr dos anos o "Alguém" forma-se, obtêm o pomposo título de "doutor", não para servir, mas para ser servido. Alguns, ainda alimentam o desejo (sádico?) de mandarem e humilharem os "Ninguém". Há, felizmente, muitas honrosas exceções.
Outros, não obtendo o grau académico, mas por herdarem sobrenome ou título nobiliárquico, julgam-se superiores, e portam-se, igualmente, como alguns doutores.
O velho Conde de Campo Belo, Homem de grande cultura, que tertúliava no Café Ceuta (Porto) aconselhava, deste modo, o filho, estudante universitário: " Lembra-te que a fidalguia não traz privilégios, mas sim, obrigações".
Obrigações, bem pesadas, de levar vida honrada e conduta exemplar, respeitando, desse modo, a memória de ilustres antepassados.
D. João de Castro, recomendava o filho ao enviá-lo em socorro a Dio: " Fazei por merecer o apelido que herdaste, recordando-vos que o nascimento em todos é igual, as obras fazem os homens diferentes".
Ninguém, de bom senso, se deve considerar superior: pelo apelido, pelo grau académico ou pelo título de nobreza ou ainda pelos bens que possui.
Todos nascemos do mesmo modo e parecemos da mesma forma.
Todos precisamos uns dos outros, e com o rodar dos anos, após a morte, todos se igualam. Todos se tornam desconhecidos, até para os descendentes, passam a ser meros antepassados, sem nome, como disse Cecília Meireles.

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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