Uma iniciativa do Festival Literário de Bragança com o objectivo da inclusão. Mais do que falar dos seus livros, o autor deu a conhecer a sua experiência e os seus falhanços e quis acima de tudo transmitir que as falhas não nos definem.
“Todos em algum momento fomos mais diabo do que anjo e é isso que me faz vir aqui, é tentar eu próprio sentir isso, recolocar-me diante do que eu sou e do que já fiz mal e transmitir a minha experiência enquanto pessoa, muito mais do que enquanto autor, porque eu julgo que os livros falam por si, eu não quero dizer-lhes que leiam, não quero nada disso, só quero que vejam que sou uma pessoa como eles, que já cometeu erros”, referiu.
O escritor admite que visitar as duas cadeias foi também para ele uma experiência que o enriqueceu.
“Ofereceram-me um quadro de um preso que está em Izeda e eu vou guardar com carinho, porque é muito mais que um quadro, é uma pessoa, é conhecer aquela pessoa”, contou.
A biblioteca do estabelecimento prisional de Bragança estava cheia para receber Pedro Chagas Freitas. Muitos dos reclusos admitiram que escrevem e lêem e não perderam oportunidade para fazer questões ao escritor. Reconhecem que iniciativas como estas são importantes.
“Claro que é sempre importante. Para o recluso é sempre bom. Estamos privados da liberdade, mas ao mesmo tempo estamos a ser integrados na sociedade, porque vir pessoas de fora é muito bom para o recluso”, disse um dos reclusos que participou na sessão.
Como forma de prolongar o festival literário para o resto do ano, vão ser criados clubes de leitura nas cadeias de Bragança e Izeda. A informação foi avançada pela vereadora da cultura da câmara de Bragança, Fernanda Silva.
“Deslocação às cadeias, análise dos livros e essa promoção pode ser mensal, pode ser bimensal, de acordo com a disponibilidade dos técnicos da biblioteca”, explicou.
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