sexta-feira, 26 de maio de 2023

Amendoal, olival e sobreiros ameaçados na região transmontana

 A Associação de Produtores Agrícolas Tradicionais e Ambientais (APATA), sedeada em Mogadouro, avançou hoje que as culturas do amendoal, olival e sobreiro estão “ameaçadas” na região transmontana e duriense devido à seca, prevendo quebras acentuadas nestas produções.


“O impacto da seca no amendoal transmontano começa a ser preocupante, porque o miolo da amêndoa não se forma, devido à falta de água. Se continuarmos com falta de chuva, as quebras poderão ultrapassar mais de 50% da produção estimada e pelo segundo ano consecutivo”, disse à Lusa o presidente da APATA, Armando Pacheco.

De acordo com o dirigente agrícola do distrito de Bragança, para se ter uma perceção do desenvolvimento deste fruto seco torna-se necessário partir a sua casca, “notando-se a uma clara falta de desenvolvimento do miolo da amêndoa”.

“Os prejuízos no setor do amendoal na região transmontana são significativos e deverão ultrapassar os dois milhões de euros com as quebras previstas de mais 50% da produção. Tudo isto, a somar aos custos dos fatores de produção, poderá colocar em causa novas plantações deste tipo de fruto seco”, avançou Armando Pacheco.

O dirigente agrícola prevê, igualmente, quebras na produção de azeitona, já que o olival atravessa uma fase de fim de floração e as perspetivas de produção também não são animadoras, tendo em conta que não choveu o suficiente durante este período.

“Não sabemos como a azeitona vai vingar ao longo do seu ciclo de desenvolvimento devido à seca. Se a chuva não cair, vai-nos acontecer tal como acontece no sul do país e na vizinha Espanha, com quebras muito acentuadas na produção”, frisou.

Armando Pacheco alertou ainda que retirar cortiça dos sobreiros nesta altura de calor e falta de água, poderá “levar à morte da árvore, sendo esta uma espécie que muito contribuiu para a economia regional e nacional".

“Se um sobreiro morrer, haverá que plantar outros, o que pode levar cerca de 30 anos para produzirem cortiça para obter novamente o rendimento da exploração. Depois há outro problema que se coloca: se não se retirar a cortiça à árvore, o produtor tem falta de rendimento, bastante significativo tendo em conta o número de árvores no sobreiral”, acrescentou Armando Pacheco.

Segundo o dirigente, se este ano não houver condições para a retirada de cortiça, será mais uma perda de rendimentos para os produtores desta matéria-prima.

O Ministério da Agricultura e da Alimentação, tutelado por Maria do Céu Antunes, reconheceu, no dia 08 deste mês, a situação de seca severa e extrema em cerca de 40% do território nacional.

FYP//LIL
Lusa/fim

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