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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Amantes e técnicos de micologia apelam à necessidade de criar lei na apanha de cogumelos silvestres, que só traria “vantagens económicas a Portugal”

 Esta foi uma das conclusões das Jornadas Micológicas que juntou cerca de 300 pessoas, vindas um pouco de todo o país, e também da vizinha Espanha, que participaram na 10º edição das Jornadas Micológicas e na “ Maior Açorda de Cogumelos do Mundo”, duas iniciativas paralelas, que “transformaram Vale Pradinhos, no concelho de Macedo de Cavaleiros num verdadeiro centro micológico”, garante a organização.


Uma das participantes foi Conceição Vilariça, que veio de Amarante, apesar de ser natural de Peredo de Bemposta, no concelho de Mogadouro, também um habitat propício para o desenvolvimento de cogumelos silvestres. O que fez participar foi a componente científica que acompanha este tipo de atividade, porque considera importante distinguir as diferentes espécies:

“Eu já tinha alguma informação porque é um tema que me interessa e porque gosto. Adoro cogumelos selvagens e como tenho muito receio e muito respeito por aquilo que existe na natureza, como é lógico. Tenho que aprender alguma coisa. E este tipo de eventos vai-me ensinando bastante. Mesmo que seja pouca pouca, aprende-se sempre alguma coisa. Hoje tivemos um guia que nos elucidou bastante, o Pedro que nos deu muita informação.

Foi um dia gratificante, e ainda por cima esteve um dia agradável.

Também Marco Bordelo, emigrante, mas a residir em Macedo de Cavaleiros, conta que foi a primeira vez que participou, na apanha de cogumelos, numa combinação perfeita entre a ruralidade e os diferentes sabores:

Foi uma experiência muito boa. Conhecer algumas espécies de cogumelos.

Já Carlos Cardoso, engenheiro que representa a empresa Motivos Campestres, de Mirandela, reconhece que a sua mais recente paixão é o mundo dos fungos. O interesse surgiu pelos cogumelos micorrízicos, sobretudo porque acredita que podem ajudar a minimizar os efeitos das alterações climáticas, como explica:

“Eu estou muito interessado nos cogumelos micorrízicos, porque nós temos uma empresa que damos assessoria a agricultores e produtores de castanha. Assistimos cada vez mais às alterações climáticas, que é um dos problemas que nos assola. Como a irregularidade do período das chuvas e grandes situações de stress hídrico. E os cogumelos podem-nos ajudar a minimizar o stress hídrico. Para além disso, existe uma doença nos castanheiros, que é a doença da tinta, que quando temos os castanheiros micorrizados, vamos ter plantas muito mais resistentes ao fungo. Por isso, foram estas duas vertentes que me levaram a participar, nestas jornadas e conhecer o mundo dos fungos.

Um dos guias na saída de campo foi Gonçalo Martins, que possui uma empresa que produz pleurotus ostreatus, em Bragança, que se chama Ostras do Campo e faz parte da associação Chicorra. Salientou que há novas possibilidades de negócio por explorar, por exemplo, em quem possui castanheiros:

Pode ser mais um valor económico, para quem tem castanheiros, e outras culturas. Isto porque podem usufruir de outros produtos na terra, que não usufruem. No caso de quem tem castanheiros, poderá ter outra rentabilidade equivalente à castanha, mas de cogumelos. Em Portugal, não existe regulamentação. Há muita gente a apanhar cogumelos para vender aos vizinhos espanhóis. Isto sem fatura, sem documentação. Ao contrário de Espanha. Já há muitos anos que se pede, mas ainda não foi regulamentado.

Carlos Guerra, biólogo técnico e formador nacional micológico, reitera a necessidade de legislar a apanha de cogumelos, como acontece, na vizinha Espanha, uma vez que são muitos os compradores vizinhos que se aproveitam desta atividade:

“Para mim este assunto, é muito simples. O nosso país é de muitas inércias, e quando se trata de sector público mais ainda. Já sugeri a regulamentação, em vários simpósios, com técnicos e formadores de micologia a nível nacional. Mas nunca nada foi feito. Em Espanha, a política neste campo não é como a nossa. Se quiser apanhar cogumelos tem de tirar uma licença, que também limita as quantidades que se podem recolher. Para além disso, tem de conhecer as espécies e frequentar formações.

Fico muito triste, por exemplo, na zona em que trabalho, em Vimioso, uma zona transfronteiriça. Quando atravesso a fronteira, até tenho medo de andar, porque a fiscalização é feita, até com drones, e do lado português, vemos muitos carros com espanhóis a comprar estes cogumelos, sem documentação.

Se o nosso país, fosse diferente, vamos implementar custos na apanha de cogumelos. Vamos implementar à semelhança da lei da caça e da pesca, um tipo de licença. E se calhar, e conseguimos ter engenheiros e guardas florestais que podiam fazer a prevenção de fogos, entre outras atividades.

O presidente de Junta de Freguesia de Vale Pradinhos, Jorge Pinto, salienta que há um aumento de participantes, fazendo um balanço muito positivo desta edição:

Esta é a décima edição e tem crescido de ano, para ano, com muitos participantes de várias zonas do país e do estrangeiro. Este ano, tivemos um dia muito bom enquanto condições climatéricas, pelo menos não choveu, que nos beneficiou na saída de campo. Tivemos uma afluência significativa de pessoas nas jornadas. Para além disso, existe uma dinâmica na aldeia interessante.

A atividade dividiu-se em duas partes, uma que decorreu de manhã, com uma saída de campo, com a identificação das mais 80 espécies. Houve uma palestra que decorreu à tarde, depois de um almoço comunitário. Já à noite, foi tempo de provar a açorda no pote, com direito à queimada dos druídas acompanhada por um espectáculo de fogo e ainda houve tempo de cantar os parabéns aos 10 anos comemorativos das jornadas.

As duas atividades “A Maior açorda de cogumelos do mundo” e as Jornadas Micológicas foram organizadas pela Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Vale Pradinhos, com o apoio da autarquia local e a Junta de Freguesia da aldeia.

Escrito por Rádio ONDA LIVRE

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