Há poucos dias, aqui trouxe o Mosteiro de Castro de Avelãs, a propósito de por lá morar um túmulo atribuído ao «último Braganção». Por entre desilusões ou orgulho, muitos parecem conhecer Castro de Avelãs e o seu tão famoso mosteiro, classificado como Monumento Nacional, desde há 115 anos… Fico a imaginar caso não fosse Monumento Nacional...
Cumpriram-se, há apenas três meses, 880 anos sobre o primeiro documento a referir, especificamente, o Mosteiro de Castro de Avelãs. Já é um “cibico” de tempo, quase nove séculos… Embora pareça ninguém querer saber. Afinal, hoje chega-se à aldeia, na expectativa de encontrar uma magnificência que parece não existir. Antes pelo contrário, encontramos uma «estranha» igreja, onde choca a simplicidade do «corpo» maneirista-barroco, com a sumptuosidade da capela-mor românico-mudéjar. O que faz adivinhar que, em tempos, algo de grandioso por ali se deve ter passado… E não é que passou mesmo!!!
Já há muitos anos que estudo «desalmadamente» o dito mosteiro. Apenas e tão só porque, nessa «desalmada» busca das origens, me confrontei com o facto de ele ter tido um impacto surpreendente no meu concelho, no qual foi «dono», no total ou em parte, de uma «catrefada» de povoações. E como também me dedico, da tal forma «desalmada», a entender D. Dinis, por ter sido educado pelo «macedense» Braganção ao qual é atribuído o túmulo que se encontra em Castro de Avelãs, percebi que o monarca até «andou às turras» com o dito mosteiro, por causa dos direitos sobre as tais povoações no meu concelho. “Cousas”…
Talvez pouca gente tenha a efectiva noção da grandiosidade que Castro de Avelãs, e o seu mosteiro, já tiveram. Um local que capta a atenção por conter a designação «castro» no seu nome. O que, desde logo, induz numa antiguidade que irá para lá dos… 2000 anos! O que verdade é (não para o mosteiro, mas para o povoamento do território da pacata aldeia).
Nas imediações de Castro de Avelãs poderá ter-se situado a «capital dos Zelas» (ou «Zoelas», como por vezes surge escrito), um fantástico povo que se constituiu como o ancestral de muitos «bragançanos». Dizem-nos que somos Lusitanos, designação que, para este que escreve, representa um insulto. Por estas bandas, somos tão Lusitanos, como somos Espanhóis ou Franceses... Porque nós, por aqui, Lusitanos nunca fomos, nem por cá os tais de Lusitanos “algua bêze botaram os côtos", que apenas habitaram o centro-sul de Portugal. “Ah, peis é!»…
Por isso, quando os Romanos por aqui andaram, não nos incluíram na Lusitânia, terra dos tais de Lusitanos, que não éramos. Isso é uma invenção dos neo-clássicos, nomeadamente do «nosso» Luís (de Macedo) Vaz de Camões, que «Lusíadas» é o mesmo que Lusitanos, resgatada pela bafienta historiografia do tempo da «velha senhora», que quis impor ao Norte aquilo que o Norte nunca foi, alargando os limites da Lusitânia acima do Douro, onde estiveram, porém, os Calaicos, de um lado, e os nossos antepassados Ástures, do outro. Era o tal de conceito de «pátria» e dos mitos dos heróis, tais como Viriato, que «tuga» parece nunca ter sido…
Nós éramos Ástures, que os tais Zelas, que até tinham uns nomes estranhos, e até adoravam um deus, também com nome estranho, eram a mais meridional tribo dos tais de Ástures. E os Romanos incluíram-nos, logicamente, na divisão administrativa que criaram, o «Conventus Asturicensis». Como tal, a nossa sede era «Asturica Augusta», a actual cidade de Astorga, não «Emerita Augusta», a actual cidade de Mérida, essa, sim, capital da Lusitânia. Por aqui há menção a uma outra divisão administrativa menor, dentro do «Conventus Asturicesis», a «Civitas Zoelarum», onde viviam os nossos antepassados Zelas, e cuja capital com um estranho nome, poderá bem ter sido em… Castro de Avelãs.
A belíssima Castro de Avelãs, particularmente com o seu mosteiro, que possuiriam uma ligação umbilical com os famosos Bragançãos, e mais umbilical ainda, com a actual cidade de Bragança. E também, e especialmente, com as terras dos actuais concelhos de Vinhais e de Macedo de Cavaleiros. Para isto não se estender muito, caso contrário deixam de ter a “patchorra” para ler os «disparates» que por aqui vou trazendo, amanhã, ou “passado manhã”, já cá trarei mais informações acerca da magnífica Castro de Avelãs, do seu monumental mosteiro, e das suas ligações aos Bragançãos e a Bragança.
“Atão, ati’ámanhã ou passado, se Deus No’Senhore quijere”


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