segunda-feira, 19 de março de 2018

MASCARENHAS - Freguesias do Concelho de Mirandela

MASCARENHAS é cabeça de uma freguesia com o mesmo nome, e que inclui as aldeias anexas de Paradela, Valbom dos Figos, Vale de Pereira e Guribanes. Situa se na margem esquerda do rio Tuela, na estrada que de Mirandela segue para Torre D. Chama, e dista cerca de 9 km da sede de concelho. Rodeada de elevações como o Alto da Mina, a Porqueira, o Penedro, o Papa Dinheiro, situa se a meia encosta e encontra uma situação privilegiada como ponto de passagem e bons terrenos agrícolas. As suas referências antigas e arqueológicas são frequentes e em abundância, destacando se o registo que aparece nos forais de Mirandela ou nas Inquirições de D. Afonso 111.
Foi uma reitoria da apresentação do Bispo de Bragança e Miranda e cabeça de uma Comenda da Ordem de Cristo. Orago N.ª Sr.ª da Assunção. Em plena Idade Média, quando se formou Portugal, Mascarenhas já existia como povoado e vai servir de apelido ao nobre cavaleiro de D. Sancho I, Estêvão Roiz. De facto, D. Sancho vai recompensar esse cavaleiro, da ajuda preciosa que lhe dava nas guerras contra os mouros, doando lhe o lugar e passando então a ser conhecido pelo Cavaleiro de Mascarenhas, acabando por ser ele que vai fundar a Igreja Matriz. Segundo alguns historiadores e genealogistas, Estêvão Roiz era filho herdeiro de Rui Mendes. Este, irmão de D. Fernando Mendes Bravo, senhor de Bragança, cuja cidade reedificou em 1130, e que era casado com D. Teresa Afonso, filha d'El Rei D. Afonso Henriques. Vestígios de épocas mais remotas, podemos encontrá los no lugar chamado Cidade, com restos de casas circulares e muros que parecem defensivos. Ou no sítio da Coutada, onde tinha bens o Mosteiro de S. Pedro de Águias . Ou ainda no lugar de Pereira de Anta, que outros chamam de Pericoto de Anta.
Em 1857 passa a ter Escola Primária, por decreto governamental, que viera transferida de Abambres. A população da freguesia de Mascarenhas era de 1.327 pessoas em 1950 e nas anos 60 ali havia 8 lagares de azeite, 15 produtores bastados desse produto, Casa do Povo, 6 produtores de frutas, 1 hospedaria, 3 mercearias, 1 mina de antmónio, 3 professores e era Julgado de Paz. Para em 1991 ter 763 residentes e em 2001 somarem 671, sendo 314 do sexo masculino. As actividades principais são a agricultura e a pecuária, embora o gado seja pouco, mas já usa alguma mecanização. Produz principalmente: cereja e outras frutas, azeitona e azeite, cereais, vinho, figos e alguma amêndoa. No domínio das outras actividades, há, por exemplo: 3 lagares de azeite, 1 padaria com forno de cozer o pão, 1 moagem, 1 sapateiro, 2 barbeiros, 2 ferreiros, 3 cafés, 2 tabernas e duas casas comerciais.
Tem uma Capela datada de 1520 e pertencente a figuras ilustres de Mascarenhas, a Igreja Matriz com a data de 1721, imponente, inscrição na Torre Central, restaurada, adro bem arranjado e casa paroquial à esquerda, onde o Sr. Padre Vaz habita, dá-nos um interessante conjunto de estudo. O interior da Igreja é riquíssimo, com coro, pia baptismal, altar mor e dois laterais com valiosa talha dourada, o seu belo púlpito, arco tipo românico, toda ela em granito, incluindo o chão com sepulturas e com gravuras esculpidas: é uma jóia de monumento. Aliás, ali à volta da Igreja, está um lugar de excelência de Mascarenhas: ainda no adro e defronte dela, está um Cruzeiro, com Cruz de Cristo e datado de 1721, mas mudado para aquele local em 1934. Mais à frente, a Escola Velha, transformada em Centro Médico e sede da Junta de freguesia. Defronte desta encontra se uma fonte datada do Estado Novo, 1937. E, para a parte lateral direita, o Bairro Padre José Joaquim Vaz (25 anos de sacerdócio), natural de Mirandela.
Mas há muitos outros locais característicos de Mascarenhas: o largo do Tanque, central, que tem fonte de duas bicas e a data de 1902, junto da estrada; a Rua Conde de Feijó, onde está a Casa do Povo; a Rua Olímpio Cabral que dá seguimento para Paradela com casas apalaçadas e brasonadas, como o Casal do Dr. Salgado. O bairro do Castelo, a seguir ao do Passal de Baixo, cujo terreno era da Paróquia. Tem também Associação Cultural para a parte desportiva.
Recentemente foi dotada de um típico restaurante aproveitando as antiguidades de um Lagar de Azeite. Mascarenhas orgulha se de ser uma terra de progresso e futuro, com a nobreza de famílias ilustres, como os Barrosos, os Pimentéis, ou a do Solar de Mascarenhas, dando lhe um suporte de um passado histórico rico e importante. Era natural desta aldeia o Dr. José Gama, falecido recentemente, autarca e deputado mediático. As suas anexas têm também referências interessantes, cada uma com a sua própria história. Guribanes, até só o nome dá um ineditismo e um interesse aguçado em estudar e visitar. Porque o seu presente se mistura com o passado num aglomerado de habitações bem específicas para a agricultura e pecuária.
Valbom dos Figos tem de igual modo a sua própria identidade. Cresceu na encosta e no vale, mesmo ao lado da estrada para Mirandela. Casario xistoso, o Largo da Capela, a sua Fonte e uma casa rural abastada realçam no seu conjunto.
Vale de Pereira tem um Santuário bem arejado no cimo da Serra ao lado da estrada de terra batida que a liga a Valbom dos Figos, toma um ar muito identificativo. A povoação cresceu no sentido Sul /Norte numa bem inclinada encosta que parte do Ribeiro para o cimo de outra elevação defronte à do Santuário. Além das suas varandas de madeira, do xisto bem à mostra, dos largos portões para os Carros de bois, carroças e animais, tinha especial atenção o seu tanque e bebedouro. Situado no meio da povoação, com uma bica a correr permanente e abundantemente, jorrando água fresca e saborosa, ali tinham lugar para tirar água para as pessoas, ao lado o tanque para os animais, e também para lavarem a roupa. Só que, recentemente foi retirada do local, tendo sido construído um tanque em cimento no fundo do povoado.
Paradela fica já perto de Mascarenhas quando se vai de Alvites, mas numa serra, mostrando ser uma povoação com algum movimento e casas e população que nunca a podem considerar como Quinta. Efectivamente, basta ir lá e passar por uma ou outra casa rural rica e grande, ou ver o aglomerado em volta do seu largo principal, que é o pulsar da aldeia. Largo este que é espaçoso, e onde os carros e pessoas procuram a sombra das frondosas árvores que ali se encontram, tendo a Igreja, e estabelecimentos comerciais em volta. É ali também que se fazem os negócios, que se juntam os mais velhos para conversarem e passarem o tempo livre ou de descanso nas horas de calor, e também a juventude procura os amigos para se divertirem à sua maneira.

In III volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses, coordenado por Barroso da Fonte.

1 comentário:

  1. Mais uma demonstração eloquente da riqueza de Mirandela e suas aldeias! E sua gloriosa história!

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