quinta-feira, 20 de setembro de 2018

ULS do Nordeste alerta para peso do isolamento na maior taxa de suicídios nacional

Os responsáveis da Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste alertaram hoje para os efeitos do isolamento e do envelhecimento da população no índice que coloca Bragança como a região com maior taxa de suicídios em Portugal.
A saúde mental foi selecionada como uma das áreas prioritárias para intervir nesta região no âmbito de um plano que está a ser elaborado com diferentes parceiros da comunidade que se reuniram hoje no primeiro de vários plenários.

As autoridades locais ainda não têm estudos científicos sobre as causas de o distrito de Bragança ter, a nível nacional, o maior número de casos de suicídio (concretamente uma média anual de 20), mas acreditam que o isolamento e o envelhecimento da população não são alheios a esta realidade que atinge maioritariamente os mais velhos.

O presidente do Conselho de Administração da ULS Nordeste, Carlos Vaz, afirmou hoje que esta é uma área onde é necessário "intervir mais", porque a região tem "um índice de suicídios superior à média nacional e à média da própria região" Norte.

A coordenadora da Unidade de Saúde Pública da ULS Nordeste, Inácia Rosa, ressalvou que "não há um estudo, mas se calhar tem a ver com o isolamento das pessoas, com o envelhecimento da população".

"A nossa população é muito mais envelhecida do que o resto da região Norte e do país e o isolamento também é muito", vincou.

Esta é uma realidade que, considerou a médica, está a contribuir para que Bragança tenha ultrapassado outras regiões com esta problemática, nomeadamente o Alentejo, apresentando uma média de "15 casos anuais por 100 mil habitantes, acima da região Norte e da média nacional".

O distrito de Bragança, o território servido pela ULS do Nordeste, tem pouco mais de 126 mil habitantes e os casos de suicídio ocorrem maioritariamente na faixa mais idosa da população, de acordo com a coordenadora.

Embora outras problemáticas como o alcoolismo também possam estar associadas, a médica baseia a preocupação com o isolamento num programa que a ULS do Nordeste já teve para analisar os casos de saúde mental.

"Nós fazemos muitos internamentos compulsivos de pessoas e algumas são reincidentes. De três em três meses lá vão eles (polícias) para fazer um mandado de condução e para acompanhar essas pessoas", concretizou.

Inácia Rosa está convencida de que "o isolamento tem muito a ver com isso, porque as pessoas vêm para a psiquiatria, vão para as suas habitações e não têm retaguarda, não têm ninguém que os apoie e caem no mesmo.

É uma questão "muito preocupante" na região a que não é alheia, na opinião da médica, a parte económica também.

Os responsáveis da ULS do Nordeste querem intervir mais nesta área, em parceria com outros agentes locais no âmbito do Plano para a Saúde Local que está a ser preparado.

Garantem ainda que "a Saúde Mental já não é o parente pobre da Saúde" e que os serviços têm respostas nesta região.

Agência Lusa

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