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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Arquivo Distrital de Bragança: génese e evolução

Os primeiros Arquivos Distritais começaram a ser criados entre 1916 e 1918 (onde se incluía Bragança, Leiria, Évora e Braga), embora, na altura, o estado central não assumisse a responsabilidade financeira dos projectos.


Alguns anos depois, em 1927, é decretada a criação de um Arquivo Distrital em cada sede de distrito do continente e ilhas adjacentes, com organização semelhante aos já criados. Esta organização pretendia, em traços gerais “receber, instalar, inventariar e facultar à consulta dos estudiosos os núcleos documentais dispersos no respectivo distrito”.
O Arquivo Distrital de Bragança é um elemento fundamental de identidade histórica e cultural da região. Pelo espaço onde se insere (Convento de S. Francisco), pelos espólio documental que guarda, é uma marca viva do passado colectivo dos transmontanos e um dos seus simbólicos monumentos.
Dar a conhecê-lo implica, necessariamente, abordar o seu percurso e a sua inserção na História. O regime republicano legislou no sentido de criar Arquivos Distritais para custodiar sobretudo a documentação eclesiástica, confiscada após a Revolução de 1910. Foi na sequência dessa legislação que, em 29 de Novembro de 1916, Bernardino Machado decretou a criação da Biblioteca Pública de Bragança, com um Arquivo Distrital anexo. Destinavam-se ambos a incorporar os importantes núcleos de espécies manuscritas e impressas existentes na região, na sequência da vasta legislação cultural dos primeiros anos da República, cujo ideário engrandecia a missão das bibliotecas de que dependia o futuro e dava um papel de importância decisiva aos Arquivos dos quais dependia o passado.
Bibliotecas e Arquivos, na letra do decreto de 18 de Março de 191110, assinado por Teófilo Braga, deveriam operar a remodelação mental do país.
Mário Salgueiro é incumbido por Júlio Dantas, Inspector das Bibliotecas Eruditas e Arquivos, de examinar in loco as livrarias da Mitra, da antiga Junta Geral e do Seminário, as quais deveriam constituir o fundo da Biblioteca Pública a criar . A viagem é feita em 26 de Março de 1915. O relatório enviado a Júlio Dantas, em 15 de Abril de 1915, tem as seguintes informações: a livraria da Mitra estava instalada numa vasta sala do antigo Paço Episcopal e continha “para cima de 4.000 volumes, quási todos magnificamente encadernados e bem conservados...”. Na mesma sala localizava-se o Arquivo do Cabido, trazido de um velho armário da Sé. Os pergaminhos também pertencentes ao cabido localizavam-se num dos altares da capela do Paço. A documentação encontrava-se em estado de grande deterioração, sendo referido nos seguintes termos: “Cuja salvaguarda se impõe imediatamente, não só pela sua importância, que é muita, mas porque está na iminência de se perder por completo”.
Agravava a situação o facto de a cavalariça da Guarda Republicana estar instalada no rés-do-chão.
A Biblioteca da Junta Geral, depois da sua extinção pelo Decreto de 24 de Dezembro de 1892, ficou à guarda do Liceu. O mesmo aconteceu com a Biblioteca do Seminário que, por Decreto de 20 de Agosto de 1911, foi também cedida provisoriamente ao Liceu. Toda a cidade apoiava a criação da Biblioteca e a Câmara Municipal responsabilizou-se assim: “conseguiria a verba necessária..., sendo indispensável a criação duma Biblioteca e Arquivo Distrital na cidade de Bragança, tão arredada dos grandes centros, onde possam ser instalados e guardados com segurança todos os papeis e documentos relativos à região cuja história vem sendo feita, com extraordinária dedicação e muita inteligência pelo já citado arqueólogo Sr. Francisco Manuel Alves, Reitor de Baçal.”
O Decreto n.º 46350, de 22 de Maio de 1965, unificou as duas instituições, mas não lhe deu vida. Continuaram enclausurados os livros e documentos no Museu Abade de Baçal desde a jubilação do seu director, Francisco Manuel Alves (1935).
A Direcção Geral do Património do Estado cedeu ao Instituto Português do Património Cultural o antigo Convento de São Francisco para novas instalações.
Aqui começou a funcionar a Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Bragança com a posse dada ao novo Director, Dr. Belarmino Augusto Afonso, a 26 de Agosto de 1985.
Porque obras de consolidação e adaptação urgiam, foi necessário encontrar instalações provisórias num bairro da antiga Quinta da Trajinha, onde permanece durante 12 anos. Os investigadores e a própria cidade de Bragança reencontram o Arquivo como instituição cultural insubstituível para a história da região – em 6 de Março de 1999, depois de feitas as obras de restauro, é reinstalado o Arquivo Distrital de Bragança no Convento de S. Francisco.

Ana Maria Afonso

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