Há ovelhas a aparecer mortas em terrenos da aldeia de Gebelim, concelho de Alfândega da Fé.
Segundo Hélio Aires, o presidente da Junta de Freguesia, estes animais pertencem a um pastor, cujo gado estará infetado com brucelose, uma bactéria infeciosa transmissível a humanos:
“Vários pessoas dirigiram-se à Junta de Freguesia a lamentarem-se, dizendo que havia gado morto em certos terrenos privados.
Dirigi-me à GNR, onde me foi dito que a Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) andou a recolher análises ao gado. Soube ainda, que poderiam estar contaminadas com brucelose. Fiquei alarmado, tentei ligar para a DGAV, mas ninguém atendeu. Ligamos depois para a sede, que fica em Guimarães, e fomos depois contactados pelos técnicos do gabinete da DGAV de Bragança, os quais no disseram que tinham combinado com a GNR para ir levantar os animais. Certo é que os membros da DGAV dirigiram-se a Gebelim sozinhos. Evidente que o pastor não deixou levantar os animais e agora andamos neste impasse.
Isto trata-se de saúde pública. O pastor diz que as ovelhas não têm nada e que está tudo bem, mas certo é, que não está tudo bem.”
Os habitantes da aldeia revelam que os animais mortos são depositados perto de um ribeiro, onde são comidos pelos cães:
“Houve uma manhã em que fui regar e no caminho vi um animal deitado e até pensei que estivesse à sombra. Quando me aproximei, vi cães pequenos a comer o animal, um carneiro. Já vi cerca de cinco ovelhas no terreno desse senhor, e então decidi tirar fotografias e alertar o presidente, porque isto é uma situação inadmissível. O povo sabe deste assunto, mas não falam. Aqui, passa um ribeiro, que vai desaguar a outras terras. As ovelhas são postas ali, os cães comem o que lhes convém e depois a carcaça é deitada ao ribeiro, quem se chegue lá só vê lixo, lã e ossos de ovelha, até as cabeças.
O que nos alarma é que as ovelhas aparecem mortas e isso é um perigo para a saúde pública. Há uns dias vi uma zona com muitos detritos, e avisei esse indivíduo de que limpasse, até porque estavam numa linha de água, e há pessoas que têm hortas e cultivos nessa zona. Avisei-o, e disse-lhe até que trazia a GNR.
A população está muito revoltada.
Eu já disse ao pastor que se as ovelhas acusarem brucelose, a obrigação dele é deixá-las levar, mas o que ele diz é que os animais são dele e não deixa que lhes sejam retirados.”
João Reis, veterinário da Associação de Criadores de Gado e Agricultores, refere que, em junho, foram feitos vários testes ao rebanho de 70 cabeças, das quais 16 deram positivo no teste da brucelose:
“O que nós fizemos foi um procedimento normal de erradicação da brucelose dos pequenos ruminantes, que é uma doença bacteriana que afeta principalmente ovinos e caprinos, podendo afetar bovinos, outros animais silváticos e humanos.
Nós, na Associação, temos protocolo com a DGAV para prestarmos serviços de rastreio, recolha de material para análise; a partir do momento em que nós fazemos essa parte, enviamos para o laboratório nacional, que já pertence à DGAV, o que lhes dá a responsabilidade de encaminhar depois todo o processo.
Temos conhecimento de que o proprietário do gado se recusou a deixar carregar os animais positivos para abate. Todos os anos nós fazemos o rastreio a todos os rebanhos dos concelhos que nós abrangemos. Neste caso, foi feito o rastreio, e este é um rebanho que já teve mais casos de brucelose.”
A DGAV – Direção Geral de Alimentação e Veterinária não se mostrou disponível para prestar declarações acerca desta situação, no entanto, ao que conseguimos apurar, já foi agendada data entre a instituição e a GNR para a recolha dos animais, no próximo dia 2 de outubro.
Escrito por ONDA LIVRE
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