É no interior que se registam as taxas de resposta de cuidados continuados à população próximas da totalidade. Os dados foram avançados pelo coordenador da reforma do Serviço Nacional de Saúde para a área dos cuidados continuados integrados, Manuel Lopes, no I Congresso Ibérico em Cuidados Continuados Integrados, em Bragança.
No país existirem perto de 8500 camas e seis mil pessoas a receber cuidados em casa mas Manuel Lopes defende que a resposta não deve ser avaliada apenas em função do número de camas. "A região do país, já agora, que tem menos cobertura, é a região de Lisboa e Vale do Tejo, neste caso, não é o interior que está prejudicado. Do ponto de vista da cobertura de camas, a região norte, como um todo, começa a ter uma cobertura muito interessante, todavia, a resposta não deve ser só avaliada em função do número de camas e aquilo que nós defendemos é uma resposta de mais proximidade. Nós defendemos a criação de equipas de cuidados continuados integrados que vão a casa das pessoas, e aí, a esse nível, ainda precisamos continuar a trabalhar para criar mais equipas e mais capacidade nessas equipas para levarem cuidados a casa das pessoas, cuidados esses que precisam ser regulados entre a saúde a Segurança Social".
Manuel Lopes confirma ainda não estar satisfeito com a cobertura nacional já que as necessidades da população são crescentes e esclarece que o país não está a ganhar a batalha da luta contra a dependência. "Há muito caminho a percorrer, eu não posso estar satisfeito porque as necessidades da população são crescentes. Não estamos a ganhar a batalha da luta contra a dependência. Estamos a viver mais anos mas estamos a viver mais anos com dependência, ou seja, continuamos a ter cada vez mais pessoas a precisar de mais cuidados".
Pela unidade de cuidados continuados da Santa Casa da Misericórdia, que assinalou o seu quarto aniversário este mês, já passaram mais de 600 pessoas. A directora desta unidade, Susete Abrunhosa, explica que na unidade há essencialmente pessoas acima dos 65 anos e descreve o perfil destes doentes. "A tipologia de utentes são essencialmente pessoas que sofreram AVC's ou quedas. Na unidade de média duração e reabilitação e na unidade de longa duração são essencialmente as feridas por pressão e também AVC's mas com menos potencial de reabilitação. São essencialemente pessoas idosas e muito idosas, temos poucas pessoas abaixo dos 65 anos, é uma percentagem mínima".
Um dos debates no congresso foi sobre a eutanásia e contou com a participação de José Pinto da Costa, médico legista que afirmou que é a favor do suicídio medicamente assistido na teoria, mas na prática não, porque poderia haver o risco de os mais frágeis da sociedade é que seriam os mais prejudicadas. "Há sempre a perspectiva de um efeito prático de utilidade sócio-económica, muitas das pessoas que constituem um encargo social, é preciso não esquecer que estamos a construir um sociedade de velhos, de velhos e de doentes. Nós temos aquela noção da eutanásia quando pensamos se nosso Senhor o levasse era uma graça muito grande portanto, nesta espécie de eugenia social havia esse risco, embora do ponto de vista teórico e filosófico eu entenda que a eutanásia é um direito que nos assiste enquanto pessoas em termos de liberdade, na teoria, na prática tenho receio".
Numa mesa redonda em que participou ainda o Bispo diocesano D. José Cordeiro, o médico José Pinto da Costa afirmou ainda que um referendo sobre a eutanásia não faria sentido porque a população não está suficientemente informada sobre a prática.
Escrito por Brigantia
Olga Telo Cordeiro e Carina Alves
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