Em Portugal, nunca deverá avançar a liberalização da morte assistida. A ideia foi defendida pelo médico José Eduardo Pinto da Costa, no painel sobre os valores da vida nos cuidados do congresso de Cuidados Continuados Integrados da Santa Casa da Misericórdia de Bragança. O clínico acredita que, caso avançasse a despenalização, seria uma forma “de a sociedade se livrar dos mais pobres e dos mais fracos”.
“Julgo que caso fosse despenalizada a morte assistida, seriam os mais pobres a sofrer as consequências”, apontou. “Há sempre a perspetiva de um efeito prático de utilidade sócio-económica.
É preciso não esquecer que estamos a construir uma sociedade de velhos e de doentes, porque os progressos técnico-biológicos não deixam as pessoas morrer. A cada ano que passa vai haver mais gente idosa e uma desproporção com gente mais nova porque também não nasce gente para suprir a morte dos outros.
Temos subjacente a ideia de eutanásia inconscientemente, pois muitas vezes dizemos: “se Nosso Senhor o levasse era uma Graça muito grande”. Nesta espécie de eugenia social havia esse risco, embora do ponto de vista teórico e filosófico, entendo que é um direito que nos assiste enquanto pessoas e liberdade. Mas na prática tenho receio. Seria uma forma de a sociedade se livrar dos indesejáveis e dos mais fracos.
É esse o risco, bem como o de convencer as pessoas com promessas de determinados benefícios para os filhos e para os netos.
A pessoa, que já tinha a noção de que se não morresse agora, morreria dali a dois ou três anos, aceitaria essas condições com mais facilidade. Não era uma decisão em total liberdade mas com uma certa coação.
E até pela sua fragilidade psico-biológica seriam mais facilmente convencíveis”, explicou.
AGR
in:mdb.pt
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