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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Os 90 anos de um 'senador' da política e da direita portuguesas

Adriano Moreira, que completa hoje 90 anos, diz em entrevista à Lusa que a sua vida «foi a escola» e a política apenas «uma obrigação cívica», que o fez ser ministro do Ultramar, liderar o CDS e passar 14 anos no Parlamento.
Nascido a 6 de Setembro de 1922 em Grijó, Macedo de Cavaleiros, Adriano Moreira licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa e doutorou-se pela Universidad Complutense de Madrid e pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP).
Foi ministro do Ultramar de 1961 a 1963, no Estado Novo de Salazar, que o chamou, segundo diz hoje o próprio Adriano Moreira, para «pôr em prática» aquilo que ensinava nas suas aulas, ou seja, um conjunto de reformas para os então territórios ultramarinos quando estalaram as primeiras revoltas em Angola contra a colonização portuguesa.
«Eu tinha ido a África na década de 50 pela primeira vez a pedido do ministro do Ultramar. Eu dava aulas de direito e ele queria fazer a reforma prisional. E eu fui. E tive o que eu chamo a minha primeira queda no mundo. Porque cheguei à conclusão de que a realidade não correspondia àquilo que eu próprio ensinava. E aqui começou a ideia de que o que era necessário era uma escola de ciências sociais porque o mundo que vinha aí exigia não uma formação profissional de administradores coloniais, mas uma escola de ciências sociais que soubesse lidar com as diferenças culturais dos povos e as condições do encontro, muitas vezes conflituoso», conta.
A segunda «queda no mundo» foi nas Nações Unidas, também na década de 1950, quando integrou uma missão portuguesa: «Aí pude ouvir pela primeira vez em liberdade as vozes dos povos que eram tratados como mudos ou como dispensáveis. E isso mais avivou a minha ideia de que tínhamos de transformar completamente o ensino».
À frente do Ministério do Ultramar fez uma série de reformas, sendo a mais simbólica a revogação do Estatuto do Indigenato.
Saiu do Governo em 1963, quando Salazar lhe pediu para mudar uma política que ameaçava a sua permanência à frente do Executivo. «Acaba de mudar de ministro»,respondeu-lhe Adriano Moreira.
«É preciso ver que ele era uma pessoa que nasce e é educada no século XIX e portanto os seus valores são valores do século XIX», diz, em relação ao ditador.
Passou depois pela presidência da Sociedade de Geografia, onde ficou até 1974, e à frente da qual promoveu o Movimento da União das Comunidades de Língua Portuguesa. E manteve-se à frente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina (hoje ISCSP), escola que ajudou a reformar introduzindo o estudo de diversas ciências sociais, até ser demitido pelo Governo de Marcelo Caetano em 1969. Regressou ao ISCSP em 1983, quando foi eleito presidente do Conselho Científico.
Após o 25 de Abril de 1974 foi saneado das funções oficiais e perdeu os «direitos políticos» por ter sido ministro durante o Estado Novo.
Em 1980, regressa à actividade política, integrando as listas do CDS nas legislativas daquele ano a convite de Freitas do Amaral e de Adelino Amaro da Costa. Em 1983 é eleito presidente do Conselho Nacional do CDS e em 1986 chega à liderança do partido, à frente do qual se mantém até 1988. No Parlamento ficará 14 anos.
Aos 90 anos, Adriano Moreira, que preside à Academia das Ciências, é considerado um dos «senadores» da sociedade e da política portuguesas e um «histórico do CDS». No entanto, diz preferir ser reconhecido como «académico».
«A minha vida foi a escola, sobretudo. A intervenção política foi mais por obrigação cívica», disse à Lusa, a poucos dias de cumprir 90 anos.
Explica o segundo regresso à política pelo momento especial que vivia o país e a necessidade de defender os «valores» da doutrina social da Igreja naquele contexto. E diz que «nunca quis» ser Presidente da República, porque «tem um papel pouco activo» e «pouco consolidado na opinião pública».

Lusa/SOL

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