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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 1 de agosto de 2015

Lenda da Cobra das Drobas

Local: Arcas, MACEDO DE CAVALEIROS, BRAGANÇA

Nas Drobas das Arcas, concelho de Macedo de Cavaleiros, num sítio a que chamam “Cabeço dos Mouros” há um mistério qualquer. Quando eu era rapaz íamos para lá com o gado e lembra-me haver um buraco, onde atirávamos com as pedras e sentíamo-las tilintar lá em baixo. Agora o que lá havia não sei. 

    Só sei o que me contou um homem, chamado Zé Moleiro. E isso passou-se com ele, já lá vão uns cinquenta anos, ou mais. Ia então esse homem a passar por lá, ao correr do rio, e tocava um animal para beber água. De repente viu uma menina, que estava conforme Deus a botou ao mundo. Estava à borda do rio, a lavar-se e a pentear-se com um pente de ouro. O homem passou e disse para ela: 
    — Bom dia, menina. Que está por aqui a fazer? 
    — Ando a saber de quem me queira levar. 
    — Nesse caso vou buscar roupa e levo-a — disse o homem. — E então como é que a menina aparece aqui assim? 
    — Deixaram-me aqui despida — disse ela. 
    Puseram-se então a falar um com o outro e dali a nada já se tratavam por tu. Diz-lhe então ela: 
    — Tu serás capaz de me vir buscar. Amanhã às tantas horas passas por aqui e levas-me. Mas não tenhas medo. Vem uma serpente, e na serpente fico eu. Quando subir por ti acima, e te beije, fico mulher como estou agora aqui. 
    Ele concordou. Mas antes de ir embora botou-lhe as mãos e tirou-lhe o pente de ouro. E levou-o. No dia seguinte, à hora combinada, lá tornou o homem a passar no sítio do “Cabeço dos Mouros”. Esteve à espera, à espera, até que lhe veio um monstro, que era uma cobra. E ele quando viu a cobra fugiu-lhe. Teve-lhe medo. 
    A rapariga veio a ela e chamou por ele, a dizer que lhe tinha dobrado o encanto. Que estava encantada e que estava lá cheia de ouro, que queria ser desencantada, mas dobrou-se-lhe o encanto. 
    O homem diz que ainda voltou para trás a ver se a agarrava, só que ela escondeu-se e nunca mais a viu. Esse homem era pobre, e com esse pente que vendeu não sei que riqueza apanhou. Só sei que até à data em que encontrou essa mulher nem tinha sequer uma junta de bois, tinha apenas uma burrita. E dali para diante comprou juntas de bois a uns e outros.

Fonte:PARAFITA, Alexandre A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpentes, Tesouros Vila Nova de Gaia, Gailivro, 2006 , p.254

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