A propósito das comemorações do Padroeiro dos Jornalistas, São Francisco de Sales, o Jornal Nordeste decidiu entrevistar um dos jornalistas que marcou a Informação de proximidade em Bragança.
Inocêncio Pereira foi nomeado chefe de Redação do jornal Mensageiro de Bragança (MB) em 12 de Novembro de 1976 e cessou funções a 31 de Dezembro de 2003, já no cargo de administrador e director-adjunto do semanário diocesano, que este ano comemora as Bodas de Diamante. Após vários anos ao serviço da Emissora Católica de Angola, o jornalista recorda tempos de sacrifício e de luta na Imprensa Regional de Bragança.
Jornal Nordeste (JN) – Foi o rosto do MB ao longo de 27 anos, de 1976 a 2003, passando pelos cargos de chefe de Redacção, director, administrador e director-adjunto. Como encontrou o jornal no pós-25 de Abril?
Inocêncio Pereira (IP) – Vamos recuar um pouco. O jornal nasce numa época com carências de toda a ordem. Tinha-se acabado de sair das duas Grandes Guerras. Não havia papel, nem tinta, nem instalações, nem equipamento, nem tipografia, nem pessoal preparado para o efeito.
Quando eu entrei impunha-se a reorganização do jornal, desde o Estatuto Editorial à nova Administração, Redacção, Direcção, porque o jornal estava a caminho da falência.
E foi naquele “Verão Quente” de 1974 que o bispo D. Manuel de Jesus Pereira apareceu na Casa do Clero, onde decorria uma reunião de sacerdotes, a quem disse: “Meus caros padres, é necessário salvar o Mensageiro de Bragança, custe o que custar”.
O prelado dispensou o director de então, padre Manuel dos Anjos Lopes Sampaio, e tomou em suas mãos o destino do jornal.
JN – Sei que ainda foi director do jornal durante alguns meses, mas renunciou ao cargo pouco depois. Porquê?
IP - D. Manuel de Jesus Pereira nomeou, meses depois, para diretor, o monsenhor Ângelo Melenas, que me nomeou chefe de Redação. Em 1979, o monsenhor Ângelo Melenas solicitou a sua substituição ao então bispo diocesano, D. António Rafael, e eu assumi o cargo a 1 de Janeiro de 1979. No entanto, recusei manter-me no cargo de diretor por mais tempo, por entender que o mesmo deveria ser ocupado por um sacerdote. D. António José Rafael nomeou, mais tarde, para aquelas funções, o padre Belarmino Afonso, ficando eu nos cargos de administrador e chefe de Redacção.
JN - Como eram as instalações no jornal nessa altura?
IP - De 1976 a 1984, a Direcção, Redaçcão e Administração do jornal ocupavam um pequeno cubículo de 2x2 m2, cedido pela Casa de Trabalho. Mais tarde a Redacção passou para um outro cubículo com iguais dimensões (uma velha cozinha), já na casa que servira de alojamento aos empregados do Paço Episcopal e depois a uma comunidade das Servas Franciscanas Reparadoras.
Pela primeira vez, no ano de 1996, fez-se a aquisição de instalações próprias (as actuais), à custa do trabalho de uma grande equipa. O novo edifício custou cerca de 25 mil contos, incluindo algum restauro e adaptação.
A sua inauguração teve lugar a 11 de Novembro de 1996, coincidindo com o aniversário de D. António Rafael. O MB passou a funcionar em instalações modernas e dignas, com uma ampla cave para arquivo e arrumações.
Só o material informático e o mobiliário custaram cerca de 15 mil contos, vindo 10 mil de um subsídio concedido pelo Governo.
JN – Mais tarde ainda conseguiu recuperar a antiga sede do jornal, onde instalou o arquivo.
IP – Sim, foi no ano de 2003. Verificando-se que as anteriores instalações se encontravam abandonadas e a degradar-se, depois de terem servido de sede a alguns Secretariados da Diocese, a direcção do jornal, a convite do bispo D. António Montes Moreira, restaurou totalmente o edifício, para aí instalar a Cúria Diocesana.
Entre restauro e mobiliário, adequado ao arquivo, foram investidos 21.360 contos. A inauguração foi feita a 24 de Janeiro de 2004, pelo secretário de Estado Adjunto do Ministro da Presidência, Feliciano Barreiras Duarte, e pelo secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, Adão Silva.
JN – Porque é que decidiu pôr fim à sua carreira na área da Informação?
IP - Ao longo de 50 anos conheci tempos diferentes, uns difíceis e outros bons; tempos conturbados e tempos serenos, tempos de crescimento, tempos de ousadia e de silêncio. Penso que cumpri a mi8nha missão. Louvores recebidos por parte do Governo penso que foram sete, mais um da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã.
Prestes a terminar o ano 2003, eu e o padre Abílio Miguel pedimos a D. António Montes Moreira a nossa substituição. Era o fim de um ciclo.
Caixa
75 anos a informar
O Mensageiro de Bragança nasceu em 1940, por inspiração do bispo de Bragança-Miranda, D. Abílio Vaz das Neves.
Teve como primeiro director o cónego Manuel Nunes Formigão, seguindo-se o padre Artur Reino, cónego Baltazar Pires, padre Francisco Videira Pires, padre Francisco Silva João, padre José Baptista Ferreira, padre Manuel Adelino Ramos, padre Manuel dos Anjos Lopes Sampaio, monsenhor Ângelo Olímpio Melenas, Inocêncio Pereira, padre Belarmino Afonso, padre Octávio Sobrinho Alves, cónego Abílio Augusto Miguel. Seguiu-se o padre Calado Rodrigues, novamente o padre Octávio Sobrinho Alves, tendo como administrador Manuel Pereira. Actualmente o jornal é dirigido pelo padre José Carlos Martins, ao passo que a administração é assegurada por Adriano Diegues.
in:jornalnordeste.com
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