Nove entidades ibéricas ligadas à conservação da natureza revelaram hoje que estão a implantar um projeto para reforçar as populações de aves rupícolas no Douro Internacional como a águia-perdigueira e o britango.
"Com uma duração de quatro anos, o projeto pretende implementar ações que visam reforçar as populações de águia-perdigueira e britango na área transfronteiriça do rio Douro, através da redução da mortalidade destas aves e do aumento do seu sucesso reprodutor", disse à Lusa o coordenador da iniciativa, Domingos Leitão, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).
O abutre-preto e o milhafre-real são espécies também beneficiadas por este novo projeto, designado "LIFE Rupis".
Os oito parceiros da SPEA neste projeto são a Associação Transumância e Natureza, Palombar, Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, Junta de Castilla y León, Fundación Patrimonio Natural de Castilla y León, Vulture Conservation Foundation, EDP Distribuição e GNR.
O "LIFE Rupis", de acordo com os seus promotores, é um dos mais recentes projetos financiados pela União Europeia a decorrer em território português e espanhol, mais concretamente na Zona de Proteção Especial (ZPE) do Douro Internacional e Vale do Rio Águeda e na ZEPA de Arribes del Duero.
Segundo o especialista da SPEA, o britango e a águia-perdigueira estão em perigo de extinção, tanto em Portugal como em Espanha.
"O britango é o abutre mais pequeno da Europa. Está classificado como 'em perigo' no território Europeu, onde as suas populações registaram um decréscimo de 50% nos últimos 40 anos, e uma elevada perda de 'habitat'", explicou.
Já a água-perdigueira tem um estatuto de "quase ameaçada" na Europa, devido ao decréscimo populacional e à pressão sobre as suas populações.
"Na área abrangida pelo projeto [Douro Internacional] existem 13 casais de águia-perdigueira e uma das mais importantes populações de britango da Península Ibérica, com 116 casais.
O "LIFE Rupis" destaca-se por ser um projeto transfronteiriço, com ações "concertadas" dos dois lados da fronteira.
Entre as várias ações destaca-se a alimentação artificial dirigida ao britango, baseada numa rede de alimentadores fixos e móveis, que irá permitir o aumento da disponibilidade de alimento perto dos locais de reprodução da espécie.
"Pela primeira vez em Portugal vão ser marcados britangos com emissores de satélite, para seguimento à distância e investigação dos seus hábitos dispersivos e migratórios", enfatizou Domingos Leitão.
Serão desenvolvidas "ações pioneiras" de combate ao uso ilegal de venenos, com equipas da GNR que utilizam cães treinados, serão corrigidas linhas elétricas com equipamentos anti-electrocussão e anticolisão de aves dos dois lados da fronteira e será elaborado um plano de ação transfronteiriço para a conservação do britango.
Serão geridos mais de mil hectares de 'habitats' importantes para as espécies alvo e criada uma cerca móvel para alimentação de aves necrófagas, para reforçar territórios com escassez acentuada de alimento.
FYP // JGJ
Lusa/fim
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