quarta-feira, 21 de março de 2018

Dizeres e Ditos na Carta Gastronómica de Bragança

Sr.ª Dona Maria do Céu Geraldes Morais, 58 anos, vive em Bragança.
Trabalhava na agricultura. Havia imensa pobreza, as pessoas queriam dar pão aos filhos e não tinham. Eram onze à mesa, comia-se caldo que enchia um pote de remeia. Todos os dias. Um pote de manhã, outro à noite. Quando o caldo estava feito, cortava-se pão rijo, punha-se dentro do pote e depois lançava-se para dentro das malgas. Comiam-se sempre batatas com casca para poupar.
Por vezes matava-se um frango, um coelho, um cordeiro, mas era sempre pouco para cada um. A grande festa era a matança, nas ceifas e nas malhas comia-se muito, nos Santos melhorava-se a refeição. Tinham gado. Casa onde houvera gado não se vive afrontado!
Nos dias da festa comiam cordeiro guisado com batatas, caldo e arroz-doce e às vezes pudim.
Faziam-se dormidos e económicos, estes serviam para se tirar a teta aos filhos. Outras mães punham nos seios pele seca de coelho para os meninos largarem a mama. As crianças mamavam até aos dois anos, até vir outro!
Tem saudades da comida de antigamente.

Carta Gastronómica de Bragança
Autor: Armando Fernandes
Foto: É parte integrante da publicação
Publicação da Câmara Municipal de Bragança

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