O tema da ETAR vem à tona, invariavelmente, em períodos pré-eleitorais. De uns lados reina a demagogia. De outros lados reina a ignorância.
Permiti-me republicar um escrito antigo e atual.
É um tema que deveremos colocar a quem nos vier pedir o voto. O que pensam fazer com a ETAR? Que soluções, viáveis, têm pensadas?
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A esplanada do café estava apinhada de gente. Que bom para a cidade, para a zona histórica. Que bom para a economia da cidade e da região.
Que chuva de esperança para quem acredita que é possível viver e investir na nossa querida cidade.
De repente, um “presente” inesperado. Um cheiro nauseabundo que envergonha a cidade e todos os seus cidadãos.
Na esplanada, até então descontraído e em amena cavaqueira, orgulhoso da sua cidade, do seu centro histórico que não se cansa de elogiar, estava o Chico.
Na mesa ao lado estava um grupo de 5 turistas que falavam inglês.
O Chico pensou. Que se lixe, mal por mal, que fique eu mal visto.
- Desculpem, comi feijoada. Disse o Chico tocando no ombro de um dos turistas.
Engelharam a testa e olharam uns para os outros. Tentavam tapar o nariz e não tinham percebido o que o Chico tinha dito.
O Chico apercebeu-se e tentou, com os parcos conhecimentos de inglês, defender a sua terra.
- Sorry, I ate feijoada.
Os turistas, pagaram a despesa e foram-se embora. Quem sabe se para nunca mais voltar a Bragança, pelo menos à zona histórica e no verão.
Também o Chico e os amigos foram embora. Ali não se podia estar com aquele ar irrespirável.
Isto aconteceu ontem, aliás hoje. Não é ficção.
Quereis construir o futuro a sério ou não?
Hoje, o Centro Histórico da nossa Bragança, assim esperamos todos, vai estar apinhado de gente…
Há uns largos anos atrás, numa tertúlia de amigos, daquelas tertúlias onde nunca se falham penaltis e onde o árbitro poucas vezes, ou nenhuma, tem razão. Daquelas tertúlias onde nenhum dos presentes votou no governo se estiver a governar mal… alguém dizia:
- Vai dar para o torto. A ETAR foi projectada para uma população de 11 milhões de habitantes e já somos mais do dobro. Tinha razão. Não só deu para o torto, como ainda pior, deu merda.
Falou-se da ETAR como se falou de tudo e mais alguma coisa. Era uma tertúlia de Bragançanos preocupados e que iam andando, mais ou menos, atentos.
Não sei se a afirmação corresponde à verdade. ETAR projectada para 11 milhões e começada a construir quando já eramos o dobro.
Pouco importa saber quem falhou, agora pouco importa. As falhas são evidentes. Só não sentem essas falhas as pessoas que, como um dos meus melhores amigos, não tenham o sentido do olfato.
Vamos ao que interessa:
O tema da ETAR aparece, invariavelmente, em períodos pré-eleitorais. De uns lados reina a demagogia. De outros lados reina a ignorância.
A única preocupação que lamentarei, se não for uma preocupação consensual e completamente abrangente, é a necessidade de resolver este ENORME PROBLEMA.
Este problema não é só nosso, de Bragança, acontece em muitas e muitas cidades do País e do mundo. Mas uma coisa é certa, com o mal dos outros… podemos nós bem.
Soluções:
Quero acreditar que alguma coisa tem sido feita. É mais que evidente que não tem sido o suficiente ou o melhor.
Bragança orgulha-se de ter um dos Politécnicos mais conceituados a nível mundial. C.M.B., IPB, Governo da Nação.
Bragança não necessita de grandes obras estruturais. A renovação das redes de águas das aldeias e a resolução do problema da ETAR serão as mais prementes.
1- Foi errada a localização da ETAR tão próxima do núcleo habitacional e da zona histórica. Importa ponderar a possibilidade de deslocalizar a ETAR. Não, não é nas próximas eleições.
2- Mais tanques de decantação secundários? Não sei, não percebo nada disso. Só tenho mesmo é olfacto.
3- Tratamentos terciários com químicos que custam muito dinheiro?
Mãos à obra.
Uma Câmara que, quero acreditar, pretende resolver os verdadeiros problemas da cidade e das aldeias, mais o melhor, ou um dos melhores, Politécnicos do mundo. Parece-me que só falta a vontade e a coragem de enfrentar o problema e com vontade de o resolver definitivamente.
Unamo-nos, juntemos sinergias e enfrentemos o problema da ETAR DE BRAGANÇA.
Os cheiros, nauseabundos, oriundos da ETAR constituem um entrave ao desenvolvimento do turismo na cidade e à qualidade de vida dos cidadãos de Bragança. E...Bragança é NOSSA.
Exijo que os meus impostos sejam canalizados, prioritariamente, para resolver a questão da ETAR e só depois, se sobrar algum dinheiro, para o fogo de artifício, para o encher da mula e do bandulho das confrarias e para as maravilhas todas conseguidas com os 0,60 € mais IVA...
4 de agosto de 2018
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