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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 25 de maio de 2022

D. Estefânia: exéquias em Bragança (1859)

A Rainha D. Estefânia (1837-1859), cujo casamento com D. Pedro V se realizara em 18 de maio de 1858, viria a morrer em 17 de julho de 1859. Esta trágica ocorrência levou a manifestações de pesar em todo o País, não deixando Bragança de participar no luto que atingira a Família Real e em particular o monarca, que, em carta de 25 de julho daquele ano, ao seu “querido tio”, príncipe Alberto de Saxe Coburgo e Gotha (1819-1861), escrevia que lutava “constantemente para compreender o pleno significado da minha enorme tragédia”.

D. Estefânia, Rainha de Portugal

Na sessão de 1 de agosto de 1859 da Câmara de Bragança532, devido “à infausta notícia” da morte da Rainha, foi deliberado enviar “uma representação sentimental” a D. Pedro V, e que se fizessem exéquias “que continuam a ter lugar por ocasião do falecimento dos Senhores Reis deste Reino”. Pedia-se “ao seu digno Presidente se encarregasse da direção delas, e que para se levarem a efeito se fizesse orçamento suplementar, e que depois de votado e aprovado pela Câmara conjuntamente com o Conselho Municipal se anunciasse a arrematação da essa”.
O orçamento suplementar para as exéquias da Rainha D. Estefânia foi de 350$000 réis.
Para comunicar a morte de D. Estefânia, foram colocados editais onde se anunciava a morte da Rainha e se decretava luto por seis meses (três meses de rigor e três meses aliviado), dando-se cumprimento ao decreto de 18 de julho de 1859. Cumpridos os preceitos habituais (toque do sino da Câmara durante três dias sucessivos, “com o intervalo do costume”, e tapadas as armas do Município em sinal de luto), as exéquias foram marcadas para o dia 7 de setembro. O local escolhido foi a Igreja de São Francisco, por se considerado o espaço “maior e mais majestoso”.


Segundo o relatório transcrito na ata da sessão de 15 de setembro de 1859, no dia 6 do referido mês, pelas doze horas, tocou o sino da Câmara “em estilo fúnebre”, seguido pelos sinos de todas as igrejas de Bragança. Em seguida principiou a salva de morteiros, “disparando os tiros de quarto em quarto de hora até conclusão das exéquias”. O toque dos sinos repetirá ao “romper da aurora” do dia 7. Neste dia, pelas nove horas da manhã, em frente dos Paços do Concelho, organizou-se um préstito, constituído por diversas personalidades, que, devidamente organizado, se dirigiu dos Paços do Concelho à Igreja de São Francisco.


Na Igreja de São Francisco, armada para a cerimónia, os membros que compunham o cortejo ocuparam os seus lugares, dando-se princípio às exéquias “em tom aparatoso segundo o Rito Romano, que se observou à risca”. O ritual foi dirigido pelo beneficiado da Sé de Bragança, João Evangelista Vergueiro, sendo o ofício entoado por vários sacerdotes – clérigos de ordens sacras e minoristas – e a missa celebrada pelo cónego João José Martins, que faria parte, em 1860, da comissão nomeada para governar a Diocese, sendo acólitos o beneficiado da Sé, Francisco António Martins, e o perfeito do Seminário de São José, padre Manuel Pires. Seguindo o relato, a função teve ainda, para maior grandeza do “ato fúnebre”, um acompanhamento musical dirigido pelos beneficiários da Sé, o mestre da capela e organista, o cónego António da Cruz e Sousa e padre Domingos António de Sá Ferreira, professor de cantochão.

Excerto da ata da Câmara Municipal de Bragança, a deliberar a publicitação da “infausta notícia” da morte de D. Estefânia

Concluída a missa, foi “recitada” a oração fúnebre pelo chantre da Sé, Dr. José Luís Alves Feijó, que, tomando por tema Ezequiel (7-27) – O Rei estará de luto, o príncipe se cobrirá de desolação, as mãos do povo da terra tremerão de pavor –, recordou as virtudes da Rainha “finada”, a sua religiosidade e piedade. Terminada a oração fúnebre, seguiram-se as absolvições oficiadas pelo deão João António Correia de Castro Sepúlveda (1796-1876), pelos cónegos José Joaquim de Morais e Manuel Caetano Barreira, e pelo beneficiário da Sé, Claudino Augusto César Pissarro. Concluíram-se as exéquias com três descargas de fuzilaria dadas pela guarda de honra, e no intervalo das descargas, os músicos dos dois corpos que a constituíam tocaram peças fúnebres “acomodadas às circunstâncias”.

Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa

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