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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 29 de maio de 2022

O COMPLEXO DE INFERIORIDADE DO PORTUGUÊS

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Na nossa terra, neste bonito jardinzinho plantado junto ao Atlântico, varanda florida sobre o mar azul, o povo é hospitaleiro e subserviente, acocorando-se diante de quem vem de fora, mormente de carteira recheada.
Quando faleceu Rebelo da Silva, Ramalho, referindo-se ao seu Portugal, escreveu:
" (...) " Sabes agora ò pátria qual é a diferença característica que te distingue de todos os países do mundo, e que vivamente te retrata na tua inépcia? É que se um homem que deixasse em Madrid, em Paris, em Londres, em Florença, em Berlim ou em Bruxelas, lá vinte mil homens a pé, levando no coração o luto nacional, o teriam acompanhado à derradeira morada. Tu mandaste um coche da Casa Real!" – " As Farpas”
Era assim como a nação respeitava os ilustres. E agora? 
Em 2 de Abril de 2003, "O Público", publicou longa entrevista a António José Saraiva, onde este analisou o âmago do sentimento nacional:
"Os portugueses são acomodativos. Perdem facilmente o sentimento...Por exemplo, os filhos de portugueses, em Paris, quase todos decidem ser franceses. Uma coisa que a me entristece.... Um português acha sempre que o estrangeiro é melhor. Tem razão para achar, quando olha para um pais desenvolvido. Mas a gente vê um país, como o basco, a lutar pela sua personalidade e percebe o que é nacionalismo, o que é o patriotismo."
Na mesma entrevista acrescenta:
" Um castelhano só fala castelhano em qualquer parte do mundo. A gente ouve, mesmo em Paris, e apercebe logo que ele é castelhano. Não fala francês direito. O português, coitadinho, adapta-se, fala português pretendendo falar francês, e quando chega, vem cheio de "pirres", " à gouche"..."
Assim continua na década vinte, no nosso século, a mentalidade de muitos. Nos últimos anos, inesperadamente surgiu onda saudosista dos descendentes de portugueses, que mal conhecem a língua de Camões, desconhecem a História e muitos, os usos e costumes, garantindo, todavia, a sua verdadeira nacionalidade... obtendo assim as regalias – não os deveres, – dos cidadãos europeus...
Afortunadamente o atual Presidente da República, tudo tem feito para inverter o complexo que tantos: políticos, desportistas, artistas e figuras públicas, sofrem, considerando que é seu dever exprimirem-se no idioma do país que visitam.
Estando na Foz de Iguaçu, visitei a Argentina, num grupo de brasileiros. Todos ou quase todos, falavam castelhano apalhaçado. Apenas eu falei português. Fui compreendido perfeitamente e até louvado!
Dizia Eça que no seu tempo os casquilhos falavam francês, agora fala-se inglês. É bonito, é chique, e dá status.
E os bacocos nacionais, escancaram a boca de espanto, e pensam estupefactos: Como é culto!... Como é inteligente!...

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG” e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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