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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Trabalham no Centro de Investigação de Montanha 151 investigadores

O que a montanha oferece é a base de trabalho de 151 investigadores que, a partir de Bragança, estão a desenvolver soluções naturais alternativas aos corantes e conservantes químicos usados na indústria.
Quem passa junto ao edifício do Centro de Investigação de Montanha (CIMO) do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) dificilmente imagina os corredores de laboratórios onde a ciência conta com apenas alguns milhares de euros de apoio estatal, mas capta cerca de quatro milhões de euros por ano com candidaturas a projetos competitivos nacionais e internacionais.

No mercado há já vinho, pastelaria e pão com a inovação do CIMO, que está também a desenvolver um novo revestimento natural promissor, substituto do plástico na conservação de alimentos como o fiambre.

O mote destes investigadores é: da natureza até aos produtos de uma forma sustentável, como disse à Lusa Isabel Ferreira, investigadora e diretora do CIMO, criado em 2002, e que tem um polo no Instituto Politécnico de Viana do Castelo.

“Acreditamos que estes territórios, que enfrentam algumas ameaças, nomeadamente a baixa densidade populacional (…), são uma terra de oportunidades, devido à sua excelente biodiversidade, e inspiradores para desenvolverem novas tecnologias verdes”, observou.

Os investigadores trabalham em vários projetos nacionais e internacionais nas áreas da agricultura na procura de fertilizantes, soluções para a rega, combate a pragas como as doenças do castanheiro ou a valorização do azeite e da apicultura, bem como outros de valorização dos resíduos orgânicos municipais para produção de bioenergia e de desenvolvimento de bioprodutos para setores industriais.

O principal enfoque da investigação é, contudo, o setor alimentar de ingredientes de base natural para corantes, conservantes e bioativos.

Uma das novidades, ainda em fase de desenvolvimento, é o “SpraySafe”, que já foi testado em fiambre e que é pulverizado nos alimentos, criando um revestimento natural que conserva sem a necessidade de recorrer às atuais películas de plástico. A formulação do produto é de origem vegetal e é comestível e dissolve-se na água.

Isabel Ferreira garante que tanto pode ser utilizado no retalho como em casa e que há já “imensas propostas de parcerias” quer com empresas interessadas em utilizar quer com as que comercializam plásticos e películas e que “estão sempre muito interessadas em ingredientes biodegradáveis alternativos”, sendo porém cedo para avançar prazos de chegada ao mercado.

Já à venda com o nome do politécnico de Bragança no rótulo está vinho que, em vez dos sulfitos, usados na fermentação e conservação, é produzido com um substituo à base de flor de castanheiro, uma das culturas emblemáticas de Trás-os-Montes e que os cientistas dizem ter “enorme potencial antioxidante e antimicrobacteriano”.

A solução resultou do desafio do produtor da Quinta da Palmirinha, no Norte de Portugal, que foi o primeiro a usar a fórmula, tendo sido seguido por outros produtores nacionais e espanhóis.

Este conservante natural está entre as 15 patentes registadas pelo CIMO, em Portugal, na União Europeia e EUA.

As plantas, frutos e cogumelos são a matéria-prima destes investigadores também para corantes naturais que estão a ser testados e há empresas de panificação e pastelaria a confecionar os seus produtos com as cores e sabores à base das fórmulas dos investigadores do CIMO.

As descobertas têm sido agraciadas com prémios globais e individuais em concursos de inovação, destacam-se na área da ciência e tecnologia alimentar, surgem nos ‘rankings mundiais’ nas posições cimeiras e quatro dos investigadores estão entre os mais citados do mundo.

O próximo passo será decidir o que fazer com a inovação: “se interessa mais vender ou criar empresas” para comercialização.

O trabalho que ali é feito tem cativado jovens investigadores doutorados da região e de fora como Rubia Correia, uma engenheira alimentar brasileira que realça “a infraestrutura impecável, equipamento de ponta e o conhecimento da equipa”.

Carla Pereira é de Bragança e fez todo o percurso no politécnico, desde 2002, altura em que iniciou a licenciatura em engenharia química. Pensou em sair da região, mas o CIMO “foi fundamental para ficar e investir na carreira”.

Já Márcio Carocho trocou em 2004 Águeda por Bragança para estudar engenharia biotecnológica e ficou porque quer, gosta e é “desafiado todos os dias a encontrar soluções num ambiente soberbo”.

“O bom que se faz aqui, faz mudar essas mentalidades que pensam que o interior está esquecido e que não se faz cá nada de interessante”, defendeu.

Agência Lusa

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