A tradição de origem celta, marca o arranque das festas de inverno que por todo o nordeste ganham folego com os novos incentivos das câmaras municipais e com a divulgação das redes sociais, onde já proliferam as barracas de comes e bebes para alimentar os foliões.
A tradição inverteu-se um bocado, onde antes eram festas viradas para o seu interior, partilhadas apenas pelos seus habitantes, são agora festas para ser usufruídas por todos, chegam públicos de todo lado, e assim se permitiu manter e reavivar as tradições que tal como as aldeias nordestinas vão ficam esquecidas no baú dos tempos.
Exemplo disso são todas as tradições dos Caretos em Trás-os-Montes, e o expoente máximo talvez chegue em breve com o cada vez mais provável reconhecimento ela UNESCO dos Caretos de Podence, mas podiam ser todos patrimónios da Humanidade, porque todas estas tradições são únicas e genuínas.
Em Cidões, está agora no mapa cultural, faz parte deste roteiro, muito por insistência e resiliência da Associação Raízes, esta tradição local, que esteve esquecida, transformou-se numa das festas mais emblemáticas da região e mantém viva a aldeia com o regresso dos filhos da terra, já que são sobretudo os que se encontram fora que continuam a organizar o evento.
A Festa da Cabra e do Canhoto ganhou o nome do principal ingrediente - a cabra - do jantar confecionado em potes ao lume de uma fogueira gigante com os canhotos (troncos) recolhidos para o efeito.
Reza a lenda que originalmente era designada de "Samhain" e decorria na noite de 31 de outubro a 01 de novembro, simbolizando a comemoração celta mais importante, até à sua conversão ao cristianismo.
Inicia-se, então, com esta festividade o "Ano Novo Celta" que tinha início com a estação escura.
A festa realiza-se este ano no sábado e, como descrevem os organizadores, " é certa a presença do diabo, que descendo as ruas da pequena aldeia de Cidões, em cima de um ruidoso carro de bois, tenta espalhar o pânico e o terror, ameaçando os presentes e grunhindo de raiva, porque nessa noite o manjar principal dos participantes é cabra machorra (velha), que nesta tradição simboliza a mulher do diabo".
Mas, neste mundo de misticismo, há também os "desafiadores" do demónio acompanhados pelo druida e pelas deusas, que preparam e partilham a "poção" mágica, "a queimada", que de tudo os protege.
Antonio Pereira e Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário