"Trata-se de uma exposição dedicada a todos os missionários do passado e do presente, oriundos da diocese de Bragança-Miranda e pertencentes a todas as congregações religiosas que se espalharam pelo terras do Oriente e África, e estará patente ao público, até outubro de 2020, no convento de S. Filipe de Nery”, explicou à Lusa o diretor do Secretariado diocesano das Missões, o padre Francisco Pimparel.
O responsável adiantou que a recolha do espólio material e imaterial dos missionários, oriundos de Freixo de Espada à Cinta, já começou a ser efetuada, "havendo um número significativo de peças e de grande valor", sendo que algumas delas estão expostas naquela mostra.
"Há peças muito importantes, como relicários, peças de vestuários, livros, fotografias, entre outros objetos singulares e de grande valor histórico que pertenceram aos missionários", frisou o pároco.
A autarquia de Freixo de Espada à Cinta adiantou que esta exposição poderá ser primeiro passo para a constituição de uma unidade museológica dedicada aos missionários transmontanos, já pensada há alguns anos.
"Para já temos a exposição. Se conseguirmos uma candidatura a fundos comunitários para a criação da unidade museológica, será feita. Caso contrário, teremos de ir devagar e mostrar o legado deixado pelos missionários em exposições como esta", vincou a presidente da câmara, Maria do Céu Quintas.
O projeto de criação do museu dos missionários no convento de S. Filipe de Néry, em Freixo de Espada à Cinta, está orçamentado em cerca de 200 mil euros.
A história missionária de Freixo de Espada à Cinta e do Nordeste Transmontano remonta ao século VXI, com a influência de Jorge Alvares, que nasceu naquela vila e que, segundo os historiadores, foi o primeiro português a aportar na China.
"Jorge Alvares era oriundo de Freixo de Espada à Cinta e, segundo consta, era próximo de São Francisco Xavier, o que levou muitos freixenistas para as obras missionárias no Oriente. Uma das principais razões era a oportunidade de estudarem", recordou Francisco Pimparel.
Esta exposição foi "aprovada" pelo bispo diocesano José Cordeiro, que assegurou que há um monumento em Freixo de Espada à Cinta, erguido em 1986, que é, provavelmente, o primeiro género que foi edificado em Portugal e onde estão inscritos 53 nomes de missionários.
"Do concelho de Freixo de Espada à Cinta partiram ao longo dos séculos mais de meia centena de missionários que ajudaram a espalhar a fé cristã por terras do Oriente e África", disse.
A diocese Bragança-Miranda refere que Freixo de Espada à Cinta é conhecida por ser "a vila mais Manuelina de Portugal" e, de futuro, pretende-se que seja conhecida como "uma terra de missionários".
"A Unidade Pastoral Senhora dos Montes Ermos, que corresponde ao território do concelho de Freixo de Espada à Cinta, lidera o álbum dos Missionários Transmontanos, tanto da diocese de Bragança - Miranda como na diocese de Vila Real", concretizou Francisco Pimparel.
Uma das heranças de Freixo de Espada à Cinta, vindas do Oriente e trazidas por missionários, é a cultura da seda, que continua a ter relevância neste concelho.
A exposição percorre períodos desde o século XVI ao século XX e estará patente no Convento de S. Filipe de Néry, um espaço que está sem culto situado naquela vila do Douro Superior.
Segundo o sítio na Internet da Direção Geral do Património, a fundação de uma casa oratoriana em Freixo de Espada à Cinta encontra justificação numa série de acontecimentos anteriores, que conduziram o padre Francisco da Silva a instituir um convento da Congregação do Oratório de S. Filipe Néry.
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