O Instituto Politécnico de Bragança teve conhecimento da recolha de memórias e apoiou aquele que é designado por projecto “Maria da Graça”. “Tenho muitas recolhas. O livro não foi editado mas tenho as recolhas num 'calhamaço' e eles viram-nas e começaram a interessar-se por gravar a maior parte delas. São cantigas de antigamente, jogos de roda, pequenas peças de teatro, costumes e tradições. Gostava que ficassem registadas e manifestei essa vontade ao IPB e estão a ajudar-me”.
Entrou no Magistério Primário em 1972. Depois de ter dado aulas em Luanda durante 3 anos, voltou para Portugal onde leccionou por todo o distrito, o que lhe permitiu contactar com diferentes realidades e trocar conhecimento com as gentes da terra. À medida que ensinava, também ela aprendia e foi registando os ensinamentos. Ainda assim, uma parte das histórias que constituem o seu livro é da autoria da sua mãe. “Aprendi muito. Também dei muito do que sabia porque já tinha aprendido com a minha mãe, o meu pai e com os costumes da região mas aprendi muito por onde andei. A maior parte era a minha mãe e as vizinhas que sabiam tudo isto”.
Maria da Graça está agora a gravar todas as histórias, tradições, peças de teatro e saberes num estúdio do IPB, em Mirandela, para depois ser transformado em livro, CD e publicado na internet. Aquilo que mais ambicionava na vida. “Para mim representa muito. É um dos maiores desejos da minha vida. Em questões de recolha é muito para mim ver o que sei em livro, fica para os netos e novas gerações”.
Aos 78 anos, Maria da Graça Afonso, que vive agora em Agrochão, em Vinhais, vê realizado um sonho. As tradições orais que aprendeu e partilhou ao longo da sua carreira de professora, vão agora ficar gravadas para que nunca possam morrer.
Escrito por Brigantia
Jornalista: Ângela Pais
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