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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 4 de março de 2020

Estudo. Pequenas barragens estão a “fazer desaparecer” mexilhão de água doce

Estudo alerta que as pequenas barragens estão a "fazer desaparecer" o mexilhão de água doce e sugere que "se evite a construção de barragens nos rios com aquela espécie".
HENRIQUE CASINHAS / OBSERVADOR
Um estudo da Universidade do Minho alerta que as pequenas barragens estão a “fazer desaparecer” o mexilhão de água doce, uma espécie “criticamente ameaçada na Europa”, sugerindo que “se evite a construção de barragens nos rios com aquela espécie”.

Em comunicado enviado esta terça-feira à Lusa, o investigador Ronaldo Sousa, cujo trabalho foi publicado terça-feira na revista Science of the Total Environment, aponta ainda que “se avalie a possível desativação de barragens nesses rios [onde existem mexilhões] e se melhore a gestão dos respetivos caudais a jusante das barragens, procurando a naturalização das secções sob a sua influência”.

Segundo aponta o estudo, que avaliou 66 locais nos rios Mente, Rabaçal e Tuela, no distrito de Bragança, os mexilhões de rio (Margaritifera margaritifera) são 98,5% mais abundantes acima da zona de influência das barragens e 97,4% abaixo destas estruturas.

A presença de juvenis só foi reportada a montante das barragens, o que indica que a reprodução destes animais é comprometida em zonas sob influência das barragens e a jusante destas, refere ainda o texto.

Segundo a Universidade do Minho, há mais de 80 mil pequenas barragens (geram até 10 megawatts), que, ao contrário das de maiores dimensões, localizam-se em geral nas zonas de cabeceira das bacias hidrográficas.

A presença de pequenas barragens afeta drasticamente a abundância e o recrutamento destas populações”, refere Ronaldo Sousa, que é investigador do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) e professor do Departamento de Biologia da Escola de Ciências da UMinho, em Braga.

“Essas áreas são habitat de muitas espécies, geram importantes funções e serviços e são usualmente menos perturbadas pela atividade humana, constituindo assim ecossistemas com alto valor de conservação. Porém, existem pressões crescentes para a construção das pequenas barragens acelerar nas próximas décadas, por isso importa avaliar como estas afetam a biodiversidade”, lê-se.

No caso dos mexilhões de rio, a investigação observou que, junto às barragens, há significativamente uma maior acumulação de sedimentos finos e de sólidos em suspensão e menos oxigénio dissolvido.

É especialmente prejudicial para [o mexilhão] Margaritifera margaritifera, que vive no fundo do rio em áreas ricas em oxigénio e com sedimentos grosseiros pobres em matéria orgânica”, rerefe, no texto, o investigador.

A espécie, aponta, “tem em geral uma vida de mais de 50 anos e as suas larvas precisam de um peixe hospedeiro para completar a metamorfose”, pelo que, salienta Ronaldo Sousa, “estas características naturais e as crescentes pressões humanas – mudanças climáticas, poluição, pesca excessiva, barragens e introdução de espécies invasoras – tornam a sua conservação muito difícil”.

Com base em estudos desenvolvidos pelo CBMA, em conjunto com investigadores dos centros CIBIO, CIIMAR (ambos da Universidade do Porto), CITAB (Universidade de Trás-os-Montes Alto Douro) e CIMO (Instituto Politécnico de Bragança), o investigador aponta que “75% das espécies europeias de mexilhões de água doce estão em risco.”

A equipa liderada pelo professor do Minho, que também trabalha em geografias como o Sudeste Asiático e o Norte de África, averigua ainda a “possibilidade de criar, em laboratório, juvenis para repovoar as zonas fluviais e as espécies mais afetadas em Portugal”, onde “os casos mais preocupantes são, além de Margaritifera margaritifera, a Potomida littoralis (ameaçada) e Unio tumidiformis (vulnerável).

“Os bivalves têm funções relevantes, como filtrar na coluna de água, e são bioindicadores da qualidade da água. Precisam, normalmente, de habitats com água corrente e, num sistema de água parada sob influência das barragens, não têm condições ambientais e desaparecem, inclusive nos primeiros quilómetros após as barragens, pois o habitat foi alterado”, lê-se.

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