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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 16 de junho de 2020

As máscaras da democracia

Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

O coronavirus SARS-CoV-2 apareceu, vindo da China, subitamente, com intuitos, aparentemente democráticos. Infetava, indiscriminadamente, ricos e pobres, asiáticos, europeus, africanos e americanos. A nação mais rica do Mundo foi fustigada com força instalando-se com grande aparato e à-vontade na elitista Nova Iorque obrigando a elite mundial a vergar-se perante as suas indiscriminadas invetivas. O distanciamento social e o fecho da atividade económica foi universal. O destino imediato das glamorosas lojas de luxo dos Campos Elísios de Paris foi o mesmo da loja de ferragens de uma vila de província espanhola ou portuguesa. As mortes arrasaram o norte italiano, rico e industrializado e a disseminação viral teve vários focos nas caras e seletivas estâncias de ski alpinas. Em Portugal, a Covid-19 irmanava na morte, Mário Veríssimo, o ex-massagista do Estrela da Amadora e António Vieira Monteiro, presidente do Conselho de Administração do Santander-Totta. Ninguém duvida da enorme diferença de recursos de cada um deles e, contudo, morreram ambos por escassez de um bem comum, abundante e gratuito: ar! Por este país, chegam às sempre ambicionadas câmaras de televisão, autoridades nacionais e regionais, cientistas e opinadores, ministros e presidentes de Câmara. Chegam as máscaras a taparem os rostos adicionando fatores de igualdade e similitude. Várias autarquias as distribuem (ou vendem a preços subsidiados e controlados) de forma generalizada e de acesso universal.

E pronto.

Ficaram por aí os intentos socializantes do agente patogénico. Aliás, começou aí a diferenciação que, rapidamente, se instalou e começou a diferenciar os cidadãos atingindo os mais humildes, frágeis e pobres, poupando e distinguindo os mais fortes, poderosos e ricos. O vírus que apanhou boleia nas elites, viajou de avião, em classe executiva, estanciou nos Alpes e dormiu em Hotéis de cinco estrelas mas, rapidamente se alojou nos bairros mais pobres e se misturou com os mais desfavorecidos. O confinamento estabeleceu logo uma diferença abissal entre os que se refugiavam nas suas habitações, com dispensa recheada e rendimento garantido ou acautelado e os que tinham de regressar às casas degradadas, à convivência inapelável, à procura de sustento diário e precário, à inevitável deslocação para os terrenos onde a pandemia se instalara.
As máscaras, foram, desde logo, motivo usado por alguns para, por ação e omissão, marcarem a diferença. Desde logo, na sua utilização. São inúmeros os exemplos conhecidos e divulgados da sua deficiente utilização. De forma tão mais errada quanto menor é a condição social de quem as usa. E tal não é condição de riqueza ou pobreza. Trata-se apenas de uma questão de informação devida e acautelada. Os promotores das distribuições massivas que, diligentemente, anunciaram e promovera tais ações, na imprensa e nas redes sociais, com a respetiva fotografia, não cuidaram de ir mais além. Não explicaram a razão da necessidade de cobrir as vias respiratórias. Coisa simples, mas muito menos mediática do que a fotografia sorridente e “generosa” da distribuição do que, em muitos casos, lhes caiu nas mãos, fruto do altruísmo popular e anónimo.

José Mário Leite
, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.

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