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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 3 de julho de 2021

O que procurar no Verão: a carvalhinha

 O meu pequeno jardim de plantas nativas continua a crescer. Algumas plantas só foram instaladas no outono passado e outras nesta primavera, mas as que foram plantadas anteriormente começam a despontar as primeiras flores e a colorir aquele cantinho especial.
A carvalhinha (Teucrium chamaedrys), também conhecida como camédrios, carvalho-pequeno, erva-carvalha e têucrio, com as suas flores cor-de-rosa e o aroma suave e algo resinoso das suas pequenas folhas, pinta agora o meu cantinho que tanto gosto de ver crescer.

Género Teucrium

A carvalhinha é uma espécie da família Lamiaceae, uma das maiores famílias de plantas com flor, que inclui 235 géneros e mais de 7000 espécies, algumas das quais bem conhecidas, como a hortelã, o tomilho, o rosmaninho, a sálvia, o orégão e tantas outras. 

Maioritariamente aromáticas, as espécies desta família são muito procuradas como plantas ornamentais pela diversidade de flores e cores e também como plantas condimentares, alimentares e medicinais.

O género Teucrium, onde se engloba a carvalhinha, também é bastante extenso, com mais de 280 espécies. Quinze dessas espécies são nativas em Portugal Continental, duas das quais endémicas do território nacional (Teucrium vicentinum e T. salviastrum), ambas na categoria de espécie “Pouco Preocupante”, segunda a União Internacional para a Conservação da Natureza.

A espécie Teucrium vicentinum encontra-se ainda protegida pelo Anexo V da Diretiva Habitats – Directiva 92/43/CEE do Conselho, de 21 de Maio de 1992, relativa à preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens. As espécies constantes neste anexo são consideradas de interesse comunitário, podendo a sua colheita na natureza e exploração ser objeto de medidas de gestão. 

Das restantes espécies nativas, quatro são endémicas da Península Ibérica: T. albarbiense, T. gnaphalodes, T. haenseleri e T. lusitanicum subsp. lusitanicum.

No Arquipélago da Madeira existem ainda quatros espécies endémicas da região: T. abutiloides, T.betonicum, T. francoi e T. heterophyllum. Quanto ao Arquipélago dos Açores, este género é praticamente desconhecido.

A carvalhinha

A carvalhinha é uma espécie perene, de porte arbustivo e baixo crescimento, que não cresce além dos 40 cm de altura. Forma pequenos e densos tufos de base lenhosa, bastante ramificados, mais ou menos peludos, e com raminhos prostrados ou ascendentes densamente revestidos de folhas.

As folhas são aromáticas, verde-escuras e lustrosas na página superior e ligeiramente ásperas na página inferior. Possuem uma forma oval e são ligeiramente dentadas a crenadas na margem, fazendo lembrar folhas de carvalho em miniatura – daí o nome comum carvalhinha ou carvalho-pequeno, por exemplo.

Foto: Doronenko/Wiki Commons

A floração ocorre no final da primavera e no verão. As flores são tubulares, de cor púrpura a rosa e crescem em espirais a partir da axila das folhas. Surgem geralmente agrupadas em conjunto de 2 a 6 flores e são bastantes atrativas para as abelhas.

O fruto é um aquénio, com uma superfície reticulada a lisa e de cor castanho-escuro. 

Nativa ornamental

A carvalhinha é uma espécie nativa da Europa, Ásia ocidental e Norte de África. Em Portugal é comum na região Centro Litoral. Cresce em terrenos calcários e pedregosos, prados secos, matos abertos, clareiras de bosques, taludes e vertentes soalheiras e bermas de caminhos. Não há registo da sua presença nas Regiões Autónomas.


Ecologicamente, esta espécie tem preferência por locais com boa exposição solar e solos neutros a alcalinos, desde que bem drenados. Tolera solos pobres, mas não excessivamente húmidos. Não é sensível à geada. Quando bem estabelecida é uma espécie tolerante à seca.

A carvalhinha é uma espécie bastante interessante do ponto de vista ornamental. Pode ser conduzida de forma natural, mais informal, ou então de forma mais formal, aparada.

É uma planta especialmente recomendada para jardins de pedras ou rochosos (escarpas e encostas pedregosas), em jardins de ervas, em pequenos grupos para cobertura de solo, em sebes baixas e como planta de afiação ou cerca viva para delimitar canteiros. Pode ser plantada em vasos e floreiras e combina muito bem com outras plantas aromáticas.

É uma espécie típica dos jardins mediterrânicos e também é utilizada em jardins de cidades e zonas costeiras e em áreas de difícil cultivo de outras espécies.

As suas flores são muito atrativas para os polinizadores, principalmente para as abelhas. Apesar de ser uma planta melífera, a produção de mel desta espécie limita-se a áreas restritas onde a planta é mais difundida.

Tóxica e medicinal

A designação científica da carvalhinha está envolta de lendas, muito devido às propriedades medicinais da planta. 

Diz-se que o nome do género Teucrium deriva do grego teúcrion e que estará relacionado com o lendário primeiro rei de Tróia – Teucro (Teucer) – que segunda a lenda terá usado plantas deste género para fins medicinais.

O restritivo específico chamaedrys, deriva do prefixo grego chamai-, que significa “no solo, rastejando” e de -drys, que significa carvalho, pelas semelhanças que esta planta tem a um pequeno carvalho (as folhas são parecidas com as dos carvalhos).

Foto: Stefan.lefnaer/Wiki Commons

A carvalhinha é uma planta francamente tóxica em todas as suas partes, embora às vezes seja utilizada pelas suas propriedades amargas, aperitivas e digestivas. É uma planta tipicamente aromática e as suas folhas são muito utilizadas para aromatizar licores, vermutes e outros vinhos.

Esta planta contém vários compostos químicos curativos: a teucrioresina, a colina, a scutellaria e o tanino. Fornece ainda uma essência de cor amarela com um odor característico, uma mistura entre resina e cânfora, pelas várias substâncias que contém: pineno, canfeno, entre outros.

A carvalhinha possui propriedades terapêuticas de vários tipos: anti-inflamatórias, antirreumáticas, adstringentes, carminativas, digestivas, diuréticas, estimulantes e tónicas. As partes aéreas (flores e folhas), secas ao sol, em local seco e fresco, podem ser usadas na forma de infusão, tintura, pó, extrato, etc.

Foto: Bernd Haynold/Wiki Commons

O cheiro agradável libertado das folhas, mesmo depois de secas, e as flores cor-de-rosa claras a profundas, que aparecem no verão, são bastante apreciados para potpourri.

E, uma vez mais, fica a sugestão: numa próxima saída para apreciar o que de mais belo a natureza tem para oferecer, explore e procure esta belíssima planta da nossa flora nativa.

Dicionário informal do mundo vegetal:
Perene – planta que tem um ciclo de vida longo e que viver três ou mais anos.
Prostrado – ramo estendido sobre o solo.
Ascendente – ramo que se desenvolve na posição horizontal ou quase, mas que tende a verticalizar.  
Crenada – margem com recortes arredondados.
Tubular – flor cuja corola possui um tubo muito alongado.
Aquénio – fruto seco, indeiscente e monospérmico.
Indeiscente – fruto que não se abre naturalmente quando maduro, não libertando as sementes.
Monospérmico – fruto que possui apenas uma semente.

Carine Azevedo

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