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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 7 de agosto de 2021

A TORTURA NA ESCOLA NO FIM DO SÉCULO XIX OU A TRISTE INFÂNCIA DE UM GRANDE ESCRITOR (4ª Parte)

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Foram tempos difíceis. Casara e tinha um filho, a sustentar – o Henrique. A mulher, na sua opinião, tinha a sensibilidade da mãe, e a coragem e determinação do pai.
O pai deixou-lhe dividas, que teve que pagar. Ficou ainda mais pobre do que era. Terminado o curso, advogou, mas sem sucesso.
Concorreu, então, a dois concursos públicos. Receava não ser aceite, porque não tinha " padrinho".
Inesperadamente recebeu carta de Camilo Castelo Branco. Dizia a missiva: lera nos jornais que concorrera a concurso, e resolveu escrever ao Ministro, para que fosse preferido.
Camilo fê-lo por amizade ou aliado político? Não sei responder, tanto mais que o conhecia...só de nome, e Trindade Coelho, não era politico.
Foi colocado para: "delegado Procurador de Sabugal". Dai passou para Portalegre, onde granjeou inimigos políticos.
Ganhava, então, 11 mil reis. Muito pouco. Chegou a passar fome.
Entretanto chamaram-no a Lisboa, para oferecerem o lugar de deputado, por Portalegre; cidade onde fundou: “Gazeta de Portalegre" e "Correio de Portalegre".
Não aceitou. Para o convencer, prometeram dar-lhe o cargo de juiz, por "mérito". Mas não era – a seu pensar, – justo, receber esse favor.
Trindade Coelho nunca se filiou num partido político; preferia ser independente.
Sobre o valor das obras do escritor, nada direi. Não sou crítico literário, nem me considero competente para isso.
Adiantarei, porém, que na sua terra, só conseguiu, numas férias, escrever os contos: "Sultão" e " Idílio Rústico). Só escrevia na cidade, espicaçado pela saudade.
A propósito, recordo que meu pai, quando ia passar as férias à aldeia de minha mãe, levava pequena livraria de campanha, mas não escrevia nada, nem nunca terminou a leitura de um livro!
Escreveu Eça, em: “Cidade e as Serras": "Toda a intelectualidade nos campos se esteriliza, e só resta a bestialidade"
Assim termino, a triste infância de uma grande escritor. Espero que gostassem, se tiveram a pachorra de me lerem.
O texto –, escrito por palavras minhas, – foi baseado na autobiografia (1902) de Trindade Coelho, publicada, em 1910. Obra esgotadíssima, oferecida e autografada por D. Maria Christina Trindade Coelho, nora do escritor.

( Fim)

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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