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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 11 de setembro de 2021

SER DIRECTOR DE JORNAL EM DITADURA E EM DEMOCRACIA

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Em meados dos anos setenta (ou oitenta?), do século passado, fui visitar Villarandelo de Morais, diretor do semanário: " O Comércio de Gaia".
Recebeu-me festivamente, na tipografia do jornal, após os formalismos de cortesia, proseamos demoradamente. Villarandelo era grande conversador, e excelente conferencista. Durante a conversa, revelou-me a dificuldade de ser diretor de publicação periódica, em tempos democráticos:
- " Em ditadura, havia censura. Compunha-se o jornal e enviávamos ao censor. Este cortava: frases, parágrafos, textos inteiros e fotografias, por vezes advertia.
"Tínhamos depois trabalho árduo, para tapar os espaços em branco.
" O jornal saia e dormíamos tranquilos. Não concordava, nem concordo, de modo nenhum; mas que fazer?
" Com o regresso da liberdade, sou eu que tenho de realizar o papel de censor. Se o artigo é ou parece-me ofensivo, é uma dor de cabeça, para avisar o autor, da minha atitude.
" Certa ocasião li num diário lisboeta, texto que me pareceu excelente. Resolvi reproduzi-lo. Mal eu sabia o que iria acontecer.
" Decorridas semanas recebi intimação para comparecer, e fazer declarações.
" Expliquei que o dito artigo fora publicado num jornal de Lisboa. Limitei-me de o transladar.
" Livrei-me de sarilhos, mas tive incómodo e despesa com o advogado. Então pensei: publicação como a minha, não possui meios financeiros para arcar essas despesas. Grande empresa jornalística tem juristas próprios ou avençados, mas o pequeno periódico?
Compreendi: escrever e publicar, é tão perigoso em ditadura como em democracia, onde por cada "palha" se recorre à justiça... e são problemas sem fim...

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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