Sendo as pessoas, uma prioridade para esta junta de freguesia, inicia este mês, uma mostra e aposta deste executivo, na divulgação dos artistas locais no Salão Nobre da Junta de Freguesia no âmbito da pintura, escultura, fotografia, escrita, música, dança…
Assim, no próximo dia 𝟭𝟱 𝗱𝗲 𝗮𝗯𝗿𝗶𝗹 celebra-se o 𝗗𝗶𝗮 𝗠𝘂𝗻𝗱𝗶𝗮𝗹 𝗱𝗮 𝗔𝗿𝘁𝗲 e para celebrar esta data, a Junta de Freguesia de Macedo de Cavaleiros, convida-o para a inauguração da exposição "𝙈𝙖𝙘𝙚𝙙𝙤 𝙙𝙚 𝘾𝙖𝙫𝙖𝙡𝙚𝙞𝙧𝙤𝙨, 𝙢𝙞𝙣𝙝𝙖 𝙡𝙞𝙣𝙙𝙖 𝙥𝙧𝙞𝙣𝙘𝙚𝙨𝙞𝙣𝙝𝙖", de 𝑴𝒂𝒏𝒖𝒆𝒍𝒂 𝑶𝒍𝒊𝒗𝒆𝒊𝒓𝒂 𝑫𝒐𝒖𝒓𝒂𝒅𝒐, que se realizará às 𝟭𝟰𝗵𝟯𝟬, 𝗻𝗼 𝗦𝗮𝗹𝗮̃𝗼 𝗡𝗼𝗯𝗿𝗲 𝗱𝗮 𝗝𝘂𝗻𝘁𝗮 𝗱𝗲 𝗙𝗿𝗲𝗴𝘂𝗲𝘀𝗶𝗮.
𝐀𝐠𝐮𝐚𝐫𝐞𝐥𝐚𝐬 𝐜𝐨𝐦 𝐫𝐞𝐜𝐚𝐝𝐨𝐬
Há momentos em que precisamos de fazer uma declaração de amor à nossa terra. Eu tenho feito talvez centenas, e ainda estou aqui para fazer outras tantas.
Há várias maneiras de o fazer. A maneira mais elementar e também mais comum — e que está, a bem dizer, ao alcance de todos, com excepção dos mudos — é a simples verbalização, isto é, a transformação dos sentimentos, pensamentos e volições em palavras.
Mas há outras maneiras mais sofisticadas, só ao alcance de quem nasce dotado de capacidades de expressão especiais: os escritores, os pintores, os músicos, os cineastas e de uma forma geral todos os criativos.
Os poetas, por exemplo, podem dizê-lo com uma simples quadra. Os músicos — é outro exemplo — podem dizê-lo com uma simples canção. Os pintores podem dizê-lo com uma simples aguarela.
É de facto disso que se trata nesta exposição de Maria Manuela Dourado. A exposição é composta por quase oito dezenas de aguarelas que são outras tantas declarações de amor a Macedo.
Através das suas aguarelas, a artista confessa que ama Macedo, e ao mesmo tempo dirige-nos um convite ou um desafio para que a acompanhemos no seu amor.
Maria Manuela Dourado optou por pintar quase exclusivamente casas, como podia ter optado por pintar paisagens ou retratos ou naturezas mortas. Foi uma boa opção: as casas são um elemento fundamental para a caracterização de uma cidade. As aguarelas expostas mostram diversas casas macedenses, e dessa diversidade resulta uma unidade que salta aos olhos como primeira característica da exposição.
Cada casa é como que removida do seu contexto arquitectónico, para que possa ser apreciada na sua identidade, sem ruídos que perturbem a apreciação. Em alguns casos, porém, a artista optou por dar ainda um cheirinho das vizinhanças, o que a meu ver valoriza bastante a aguarela.
A exposição pode ser inócua, isto é, não ter outra intenção senão objectivamente mostrar casas e pôr-nos a tentar adivinhar que casas são. Mas, ou me engano muito, ou a pintora manda, embrulhados na exposição, dois recados — e recados importantes.
Por um lado, ao mesmo tempo que mostra aquilo que há, omite aquilo que também há mas melhor fora que não houvesse. Estão ausentes prédios de cércea acima dos dois andares, funcionando essa ausência como 𝘂𝗺𝗮 𝗿𝗲𝗰𝘂𝘀𝗮 𝗱𝗲 𝗰𝗲𝗿𝘁𝗮 𝗮𝗿𝗾𝘂𝗶𝘁𝗲𝗰𝘁𝘂𝗿𝗮 desmedida dos nossos dias.
Por outro lado, Maria Manuela Dourado mostra casas que já não existem, como por exemplo a interessante moradia do Sr. Américo Lopes (’Sardinheiro’), na Avenida da Estação. Creio bem que trazer à lembrança essas casas é outro recado da pintora — 𝘂𝗺 𝗹𝗶𝗯𝗲𝗹𝗼 𝗰𝗼𝗻𝘁𝗿𝗮 𝗮 𝗱𝗲𝘀𝘁𝗿𝘂𝗶𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗶𝗻𝗰𝗼𝗻𝘀𝗶𝗱𝗲𝗿𝗮𝗱𝗮 de tanto património, sacrificado no altar do progresso. E como tal, essas aguarelas assumem a dignidade e a grandeza de um requiem.
𝘈. 𝘔. 𝘗𝘪𝘳𝘦𝘴 𝘊𝘢𝘣𝘳𝘢𝘭
Venha ver e recordar Macedo de Cavaleiros!
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