Depois de “Espelho Público”, lançado em 2018, esta é a segunda obra de Nuno Pires. É um conjunto de crónicas, publicadas em diversos órgãos de comunicação social, que relatam memórias de outros tempos. É uma viagem à aldeia que o viu nascer, Frieira, no concelho de Bragança, relata o autor. “As crónicas, a maior parte delas, prendem-se, sobretudo, com as minhas vivências rurais, ao longo da minha juventude. Vou mantendo alguma ligação à terra e é nesse sentido, sustentado nesses valores e experiências que tive e vivi profundamente, que escrevi a maior parte dos textos, que são respeitantes às tradições da terra e usos e costumes, da agricultura, daquilo que a rapaziada fazia na aldeia, tudo o que se prende com o meio rural. Outros são textos de vivências ou de observação da sociedade, de crítica ou menos critica, mas procuro também dar um valor construtivo àquilo que são as relações interpessoais, como o mundo deve ver o outro”.
Nuno Pires recomenda o livro aos mais novos, que desconhecem algumas das actividades rurais, que devem ser preservadas. “A maior parte da juventude, sem menosprezo por ninguém, nem sequer faz ideia do que é andar ao rebusco, andar à azeitona no tempo antigo, em que as lonas ficavam repletas de gelo e as oliveiras também, não fazem ideia do que é andar às batatas ou rapá-las, do que é lavar o cereal para depois ser moído. Penso que terá um carácter pedagógico interessante”.
O autor diz que não foi o facto de ter nascido numa aldeia, em tempos em que não havia estradas, nem luz, nem água canalizada, que o impediu de ter sucesso. Mas o sucesso diz que tem que se conquistar e dá trabalho. “Há gente que tem sorte, outros que nem por isso e há ainda gente que tem que lutar por ela. A sorte anda no ar e nós é que temos que a agarrar. Evidentemente que não me posso queixar da gestão da minha carreira profissional, primeiro como professor, depois como técnico de educação e assessor principal de reeducação e agora como director do Estabelecimento Prisional de Bragança”.
"Amar a terra, partilhar a saudade" foi apresentado na sexta-feira, na Biblioteca Municipal de Bragança.
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